segunda-feira, 16 de março de 2009

MARCHA PELO CAFÉ: protesto reúne mais de 15 mil em Varginha

Mais 15 mil pessoas participaram do evento que saiu do alto da praça Getúlio Vargas, na “nave do ET” no centro de Varginha no Sul de Minas e seguiu pelas ruas da cidade. A região central ficou tomada por trabalhadores rurais, cafeicultores e políticos. Eles pedem financiamento para pagar em produto e o preço mínimo de 320 reais pela saca do café. Os participantes andaram em silêncio, com faixas pedindo apoio do governo e dizendo que a crise no café é crise no emprego. No palco da concha acústica, políticos disputaram espaço. O manifesto foi aberto com uma celebração ecumênica. Em seguida, o prefeito Eduardo Carvalho Corujinha disse que a cidade oferece sua estrutura para a realização de um movimento democrático, justo e responsável para atingir o objetivo que é a sobrevivência de milhares de famílias que sobrevivem do café. O vice-prefeito de Varginha, Marquinhos Foresti (PPS) lembrou que as dificuldades no café afetam diretamente a sociedade, inclusive aumentando o número de assaltos na cidade e nas propriedades rurais. O presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes, falou que a situação do setor não é novidade. Lembrou que a política é um dos meios mais fortes de conseguir benefícios para a rede produtiva do café. E pediu que todos votem nos políticos conscientemente pelo café.
Roberto Simões, da Federação da Agricultura de Minas Gerais, afirmou que o movimento é realizado por produtores e trabalhadores honestos, em um manifesto pacífico, sem bagunça e ordeiro. “Precisamos parar de, todo ano, ir a Brasília para chorar a rolagem de dívidas, é preciso uma solução definitiva”. Afirmou que está sendo concluído um estudo sobre a produção do café de montanha, para realizar um diagnóstico do café e apontar uma estratégia para o setor. Quem também se pronunciou foi o Deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) que criticou o governo federal. Ele afirmou que é em razão da cafeicultura que o Brasil pode “bater a mão no peito e dizer que possui superávit de R$ 40 bilhões”. Criticou os ministros que teriam afirmado que produtor rural é substituível. Disse que ajoelha pra Deus e pra crise, mas não se ajoelha pra governante que não tem sensibilidade com o produtor rural.
O presidente do Democratas, Rodrigo Maia (filho do prefeito do Rio de Janeiro César Maia), bateu duro sobre o governo federal. “A informação é a de que não há crise no Brasil. O ministro [da Economia] Guido Mantega, até ontem, dizia que o Brasil ia crescer 4%, que não existe crise. Infelizmente a crise existe. O que precisa é o governo ter o mesmo carinho que tem com os bancos”. E afirmou que o partido vai pressionar o governo para que Lula tenha com os cafeicultores a mesma sensibilidade que teve com os banqueiros. “O governo diz que não tem dinheiro para o café, mas deu 4,5 bilhões para o Banco Votorantim”.
O secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana, também presidente da Faemg (Federação da Agricultura de Minas Gerais), afirmou que o governador Aécio Neves já conversou com o ministro Guido Mantega e vai intermediar o encontro entre os produtores e o presidente Lula. “Na democracia, quem se organiza dá a ordem. E, organizados, nós vamos dar as cartas para a cafeicultura do Brasil”. Outra personalidade presente foi o político e cafeicultor Orestes Quércia (PMDB). O ex governador de São Paulo lembrou que o café está em sua família desde o avô. Criticou o governo federal, por “deixar uma questão tão dramática nas mãos de subalternos do terceiro escalão. O preço de 320 não significa nem dizer que o governo vai colocar dinheiro. O governo demonstrar boa vontade, o Lula tem que bater nas grandes empresas alemãs, que atravessam o café. Dez milhões de trabalhadores merecem que o assunto seja tratado pelo mnistro e até pelo presidente Lula”.
João Sampaio, secretário da Agricultura de São Paulo disse que veio a Varginha dar o apoio do governador José Serra (PSDB). “São Paulo é o que é por conta da cafeicultura, dos cafeicultores, contem conosco para tentar conseguir melhoria de renda, de emprego”.
Por telefone o repórter Marcos Madeira ouviu a confirmação do Ministro Patrus Ananias (PT) de que vai intermediar a agenda do presidente Lula para receber a comissão formada pelos cafeicultores para apresentar os pedidos do setor. Entre eles, preço mínimo da saca a 320 reais e financiamento para pagar com produto. O Ministro confirmou o apoio ao movimento e informou que não pode falar em nome do setor técnico do governo (os pedidos dos cafeicultores pararam no setor técnico do Ministério da Fazenda). Mas afirmou que vai buscar espaço na agenda do presidente para receber os cafeicultores.
Fonte, fotos e cobertura: jornalista Marcos Madeira - Blog do Madeira Varginha MG