terça-feira, 12 de maio de 2009

COLUNA


Tem pessoas que reclamam dos problemas por que passa Caxambu e pensam em ir embora para um grande centro em busca de melhores condições de vida. Engraçado isso porque foi justamente o contrário o que ouvi, vi e senti recentemente.
Passei a última semana no Rio de Janeiro. Fui a passeio em função do aniversário de minha mãe e do próprio dia das mães. Aproveitei o aconchego da família, revi amigos. Mas o que me chamou a atenção foi que constantemente o assunto das conversas tomava o rumo de Caxambu. Alguns aqui já vieram e outros a conhecem mais por informação, porém todos têm uma idéia muito positiva da cidade e foram unânimes em aprovar minha decisão de sair do Rio e vir morar no interior, e mais ainda por ter escolhido Caxambu. É impressionante como o carioca em seu imaginário tem nossa cidade como um lugar próximo ao paraíso. Aquilo é que é lugar para se viver bem, diziam, lá não tem assalto, crime organizado, seqüestro, tiroteio, blitz, falsa blitz, bala perdida e engarrafamento no trânsito. As pessoas são mais sociáveis, a vida mais tranqüila.
Também falaram muito em convívio. Querem saber o que é isso? Descendo de elevador cumprimentei um senhor que se limitou a responder entre os dentes e assim mesmo olhando para o chão. As pessoas não se encaram, não se cumprimentam, não sorriem umas paras as outras, não param para uma conversa, não podem sentar mais nas praças tomadas por mendigos, drogados e assaltantes. As crianças não têm onde andar de bicicleta e brincar na rua é coisa do passado. Contei em uma extensa rua da Tijuca quantos prédios e quantas casas estavam sem grades, encontrando apenas uma casa velha e aparentando estar abandonada. No prédio onde mora minha irmã no qual fiquei hospedado, como também onde mora minha mãe e na maioria dos edifícios por lá o sistema é de eclusa, ou seja, você só pode passar pela portaria depois do portão estar fechado por sistema eletrônico e tudo com grades.
Passear no Parque, sentar no banco da Praça, ter tempo de trocar uma prosa com um amigo ou vizinho e outras coisas simples do dia a dia, o carioca ou qualquer morador de uma metrópole não tem mais. Perderam uma coisa chamada qualidade de vida, um produto que está muito em falta nos dias de hoje e que uma pequena cidade como a nossa ainda pode se dar ao luxo de oferecer a seus habitantes e visitantes.
Portanto meus amigos, pensemos mais positivamente sobre o que temos de bom e valorizemos nossa cidade, pois muitos gostariam de aqui viver pelo simples motivo de ainda nos darmos um bom dia com um sorriso no rosto, caminharmos tranqüilo por uma rua sem medo de sermos achados por uma bala perdida e que atrás das grades, em sua maioria, estão aqueles que cometeram crimes e não o cidadão comum.
Herival da Silva Arueira
jornalista