quarta-feira, 31 de março de 2010

COLUNA

Era um dia, ou melhor... uma noite, de uma semana mais do que santa! Noite abafada (não só de queixas), o ar pesado porta adentro penetrando.
Olhos para cima, para baixo, rímel, curvex, batom nos lábios, olhar demorado no berço que o mosquiteiro protegia. (“Se eu pudesse ter um mosquiteiro ou um... mosqueteiro para me proteger!”) A mão correndo o berço, o suspiro... (“Minha maquiagem!”) A bolsa sobre a cama pelo momento certo esperando.(Em alguns minutos, de alguma esquina, de alguma avenida, giraria em dedos hábeis e dali a outros minutos, quem sabe, estaria na suíte de algum hotel, motel, em outra esquina ou no chão sujo de um beco sem saída.)
“Sem saída...” Apertou os dedos sem mais demora nas correntes de prata que a esperavam. (“Maria, se ela sentir medo, conta uma história!”) “E se ela sentir saudade...”_ a frase para si mesma não pode completar.
A noite era escura e santa_ dentro e fora da casa. “Chaves...”, abriu a porta, trancou a porta e saiu. Sem mais palavras.



Roberta Nogueira