Abriu-se uma vaga para o Senado em Minas. Essa é a avaliação de políticos e analistas para a saída do vice-presidente da República, José Alencar (PRB), da disputa por qualquer cargo na eleição deste ano. Apesar de cotado até para o governo de Minas como único nome que poderia unir a base do governo Lula, o próprio Alencar já havia dito que a tendência maior era tentar novamente o Senado, para o qual foi eleito em 1998, com 2,9 milhões de votos (48% do total), e renunciou em 31 de dezembro de 2002, para assumir a vice-presidência no dia seguinte.
Apesar de haver duas vagas de senador em disputa este ano, uma delas deverá, segundo todas as pesquisas indicam, ser ocupada pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB). A outra seria de Alencar, que tenderia a arrebanhar votos tanto entre os que apoiam Lula quanto nos eleitores de Aécio.
Na base aliada de Lula, a retirada do nome de Alencar é vista como um gesto de generosidade que pode facilitar a construção do palanque único em Minas para a candidatura presidencial da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff reunindo PT e PMDB.
Apesar de continuarem defendendo candidatura própria, os presidentes das duas legendas consideram que a vaga de senador pode ajudar na composição. “Que esse gesto sirva de exemplo para Patrus e Pimentel. O filiado honorário ajuda mais a unidade do PT que os filiados orgânicos”, comentou o presidente estadual do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, referindo-se à homenagem que o partido fez a Alencar no início de fevereiro, quando lhe entregou uma placa de filiado honorário do PT e à indefinição dos pré-candidatos do partido ao governo, o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Ambos mantém o nomes, apesar dos apelos feitos pelo presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, para que a decisão saia até o fim do mês.
"A saída dele facilita a tese do palanque único", diz Fernando Pimentel, evitando opinar sobre quem deveria ceder a cabeça de chapa, PT ou PMDB. Patrus e o pré-candidato do PMDB, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, não foram encontrados ontem para comentar a saída de José Alencar da disputa.
"Alencar não era um dificultador, sempre foi um facilitador para a aliança, mas é claro que a saída dele torna a vaga de senador mais cobiçada, o que pode facilitar a composição com o PT", admitiu o presidente estadual do PMDB, Antônio Andrade. Para a presidente estadual do PCdoB, deputada federal Jô Moraes, José Alencar, mais uma vez, mostrou que está se esforçando para unir a base. "È um gesto de extrema generosidade e um gesto político, apontando a saída para que os dois maiores partidos da base aliada, PT e PMDB, consigam construir uma ponte", disse.
Itamar
Entre os partidos que apoiam o ex-governador Aécio Neves, o grande beneficiado é o ex-presidente Itamar Franco (PPS), que pleiteia ser o segundo nome a senador na chapa encabeçada pelo governador Antonio Anastasia. Ontem, ele não quis comentar a saída de Alencar. Já o presidente estadual da legenda, Paulo Elisiário, admite que o cenário mudou. Em campanha eleitoral não tem o mais fácil. Pode ter o menos difícil, porque, de qualquer forma, José Alencar era um nome de Minas, consagrado”, disse. (com Ricardo Beghini).
Pré-candidatos ao Senado
Aécio Neves (PSDB)
Desde que anunciou em dezembro que se retirava da disputa interna no PSDB pela vaga de candidato a presidente da República e que se lançaria ao Senado, tornou-se favorito. A saída de Alencar não influirá na sua votação, ao contrário dos outros
Itamar Franco (PPS)
Tenta ser o segundo candidato ao Senado na chapa majoritária encabeçada pelo governador Antonio Anastasia. Aécio Neves já disse que, em princípio, o apoia, mas que o martelo só será batido em junho, em decisão tomada com os outros partidos que integram a base do governo em Minas
Hélio Costa (PMDB) ou Patrus Ananias (PT)
Se PT e PMDB se acertarem, como espera o Planalto, um dos pré-candidatos ao governo cederá a cabeça-de-chapa e pode concorrrer ao Senado. O outro pré-candidato do PT, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, se não puder disputar o governo, deve continuar na coordenação da campanha da candidatura do PT à Presidência, Dilma Rousseff
Clésio Andrade (PR)
Tenta viabilizar o nome tanto com Aécio quanto com a base aliada de Lula
Zezé Perrella (PDT)
Tenta viabilizar o nome dentro do partido, que nacionalmente integra a base de Lula e tende a apoiar em Minas o candidato de Aécio ao governo, o governador Antonio Anastasia.