Barão de Montesquieu
Como é a proposta de nossa conversa por aqui, o assunto que toma conta da semana – e talvez venha a tomar conta de todo um tempo, uma época – é o caso envolvendo Eliza, Bruno e...
Mas confesso que não tenho como. Me sinto enojado, me vejo incrédulo. Me falta capacidade de interpretação daquilo que leva um ser humano a deixar de ser humano, me falta estômago.
Escrevi em outra oportunidade, aqui mesmo, sobre o psicopata, sua falta de sensibilidade, de comoção, sua “tranquilidade” doentia, sua alienação emocional, insana. Como escreve o Doutor Robert Hare, “o psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sabe quem é o gato.”
Esta semana também, recebi um e-mail que, inocentemente, contava sobre a estripulia de uma criança que se escondia. Ao ler, não segurei o sorriso, depois respondi dizendo que “éramos felizes e até sabíamos disso”. Sim, sabíamos. O que uma coisa tem a ver com as outras? Tudo. Ou mesmo nada. Assistimos um noticiário cheio de falta, falta de explicação, falta de motivo, de nexo, falta de sentido e sobra de por que(s). Convivemos em uma sociedade repleta de diferenças, desigualdades, injustiças, uma sociedade tomada por falta de emoção, comoção, falta de essência, de união, falta de misericórdia. Estar vivo com seus sentimentos entrincheirados é muito diferente de viver, plena e realmente. Tudo tão embolado, tão misturado nessa argamassa toda, correria louca e falta de tempo que fica difícil enxergar, tirar dessa miscelânea, a alegria gratuita, o sorriso entregue, o braço aberto, a estripulia inocente da criança que um dia fomos,
fica difícil até mesmo reconhecer outras tantas crianças que temos por perto, ao lado, e esteja certo, são felizes e até sabem disso, mesmo que muitas, situações e pessoas, insistam em contar que não.
Carlos Rafael Ferreira, advogado
http://www.carlosrafaelferreira.blogspot.com/