AS MINAS GERAIS NO SÉCULO XVIII
A Crise
As três últimas décadas do século XVIII revelaram o inexorável esgotamento das minas de ouro. E aqui podemos anotar dois aspectos de fácil identificação: primeiramente, porque elas eram de aluvião, fáceis de explorar, mas pequenas em extensão; em segundo lugar, porque as técnicas empregadas na exploração eram rudimentares e a administração da colônia jamais cuidou de modernizá-las. A preocupação maior era resguardar o quinto da Coroa, que seria em sua grande parte repassado para a Inglaterra, para cobrir o déficit comercial que Portugal tinha com aquela nação, além da sustentação de uma nobreza metropolitana cada vez mais ávida de luxo.
A decadência das minas significou, prima facie, a decadência de toda a região mineradora. Os núcleos urbanos minguaram, a atividade econômica declinou e a população migrou para outras partes do território das Minas Gerais, o que, por um lado, ensejou um maior redimensionamento da gente mineira, com a formação de novos núcleos urbanos, com propostas, inclusive, de outros tipos de atividade econômica.
Não restam dúvidas de que, ao acabar o ciclo da mineração, este deixava profundas marcas e mudanças dentro e fora de todo o território mineiro, aliás, dentro e fora de todo o território colonial. O ouro, adstrito a um processo dinâmico de transformações, concorrera para a existência de novos esquemas econômicos externos, pagando, inclusive, o desequilíbrio das transações comerciais havidas entre Portugal e Inglaterra e concorrendo, efetivamente, para a deflagração da revolução industrial desta última.
Assim, as Minas Gerais constituiriam, no final do século XVIII, ainda que nos limites ditados pela dominação colonial e com todas as precariedades decorrentes do seu isolamento e das distâncias, limites estes marcados pelo declínio de sua atividade-mãe, uma civilização urbana, o que não significava relegar a um segundo plano a presença rural que foi marcante em sua constituição, numa diversidade que forjou, dentro das condições, ainda que precárias experimentadas no seu limiar, primeiramente a capitania, depois a província e hoje o estado que ainda é um conjunto articulado de diversidades humanas e geográficas, além de ser detentor de expressões significativas de caráter econômico, social e cultural.
* Historiador e Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
A Crise
As três últimas décadas do século XVIII revelaram o inexorável esgotamento das minas de ouro. E aqui podemos anotar dois aspectos de fácil identificação: primeiramente, porque elas eram de aluvião, fáceis de explorar, mas pequenas em extensão; em segundo lugar, porque as técnicas empregadas na exploração eram rudimentares e a administração da colônia jamais cuidou de modernizá-las. A preocupação maior era resguardar o quinto da Coroa, que seria em sua grande parte repassado para a Inglaterra, para cobrir o déficit comercial que Portugal tinha com aquela nação, além da sustentação de uma nobreza metropolitana cada vez mais ávida de luxo.
A decadência das minas significou, prima facie, a decadência de toda a região mineradora. Os núcleos urbanos minguaram, a atividade econômica declinou e a população migrou para outras partes do território das Minas Gerais, o que, por um lado, ensejou um maior redimensionamento da gente mineira, com a formação de novos núcleos urbanos, com propostas, inclusive, de outros tipos de atividade econômica.
Não restam dúvidas de que, ao acabar o ciclo da mineração, este deixava profundas marcas e mudanças dentro e fora de todo o território mineiro, aliás, dentro e fora de todo o território colonial. O ouro, adstrito a um processo dinâmico de transformações, concorrera para a existência de novos esquemas econômicos externos, pagando, inclusive, o desequilíbrio das transações comerciais havidas entre Portugal e Inglaterra e concorrendo, efetivamente, para a deflagração da revolução industrial desta última.
Assim, as Minas Gerais constituiriam, no final do século XVIII, ainda que nos limites ditados pela dominação colonial e com todas as precariedades decorrentes do seu isolamento e das distâncias, limites estes marcados pelo declínio de sua atividade-mãe, uma civilização urbana, o que não significava relegar a um segundo plano a presença rural que foi marcante em sua constituição, numa diversidade que forjou, dentro das condições, ainda que precárias experimentadas no seu limiar, primeiramente a capitania, depois a província e hoje o estado que ainda é um conjunto articulado de diversidades humanas e geográficas, além de ser detentor de expressões significativas de caráter econômico, social e cultural.
* Historiador e Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais