Campanha
A tradição oral sustenta que as minas da região foram descobertas pelo padre João de Faria Fialho, vindo de Taubaté, entre os anos de 1692 e 1693. Porém, o início do povoamento é descrito por Francisco de Paula Rezende, autor da obra “Minhas recordações”, informando em sua obra que teve conhecimento de uma carta datada de 1865 dando conta dos momentos da gênese da cidade. Tal missiva foi assinada pelo Dr. Manuel Joaquim Pereira de Magalhães, que obteve as notícias que ali vão transcritas de seu avô, José Francisco Pereira. Achamos interessante transcrever trechos que, significativamente, elucidam os primeiros tempos da história de Campanha: “eu não posso precisar bem a época em que se deram os fatos que vou narrar, mas, segundo dados prováveis, creio poder asseverar que eles tiveram lugar entre as eras de 1710 e 1720. Foi pouco mais ou menos neste período que, escapados das prisões de Vila Rica, dois sentenciados, um que se apelidava Montanhez e outro cujo nome não me lembro, atravessaram os sertões inabitados, que se estendiam ao S.D. de Vila Rica, e viajando por muitos dias, depararam com um quilombo composto de dois pretos, situado na latitude austral de 21o 16’ e 2o 15’ de longitude do meridiano do Rio de Janeiro”.
As relações com os quilombolas foram ficando, aos poucos, bastante tensas, o que gerou entre eles um conflito, sendo mortos os dois negros. A partir daí os fugitivos entraram em contato com uma pequena fazenda, avistada da região do pequeno quilombo, e, em contato com o fazendeiro dali, casaram-se com suas filhas, passando, então, a família a residir no quilombo e, de acordo com os termos da carta em análise, “talvez levados pela abundância de ouro que prometia o terreno já explorado pelos genros. São estes os primeiros habitantes do lugar onde é hoje a cidade de Campanha, que rapidamente povoou-se pela afluência de mineiros quer da capitania de Minas, quer da de S. Paulo”.
No século XVII, informações vindas de Mariana, davam conta de que havia gente explorando ouro na região do vale do rio Verde e assim surgiu a abertura de um caminho ligando as minas do rio Verde à cidade de São João Del-Rey, por iniciativa do ouvidor desta última, Cipriano José da Rocha, em 23 de setembro de 1737. Este, segundo Armelim Guimarães, autor da significativa obra “História de Itajubá”, chega às margens do Sapucaí e, em documento lavrado, diz ser o descobridor desse rio; inclusive em carta de 9 de dezembro do mesmo ano, ao governador da Capitania, Martinho de Mendonça de Pina e Proença, “o ouvidor fala de quatro rios sul mineiros e quando menciona o Sapucaí, coloca entre parênteses a informação: que eu descobri”.
Ao arraial ali fundado foi dado o nome de São Cipriano, constando de “praças e ruas em boa ordem e muito boas casas e ficava-se entendido em fazer igreja”, nos dizeres de carta daquele ouvidor e que foram reproduzidos por Waldemar Barbosa em seu livro “Dicionário histórico-geográfico das Minas Gerais”.
O arraial, primeiramente constituído de gente, em sua maioria, de Jacareí, Taubaté, Atibaia, Guaratinguetá e de Mogi das Cruzes, foi elevado à condição de freguesia em 1739 com o nome de Santo Antonio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde.
À condição de vila foi elevada, por motivação da população local, em 20 de setembro de 1798, por alvará régio, com a nova denominação de Vila da Campanha da Princesa da Beira.
Como cidade foi elevada através da Lei nº 163, de 9 de março de 1840. Campanha é famosa pela cultura da vinha, que, a partir dali, estendeu-se para outras localidades do sul das Minas Gerais.
Suas terras, em um determinado momento, alcançavam uma parte considerável do território mineiro. Perdeu esse território, aos poucos, por emancipação dos diversos distritos e hoje se circunscreve, apenas, à região da própria sede, com seus 336,9 km2. É considerada a “Atenas Sul Mineira”, cidade onde morou Bárbara Heliodora e onde nasceu o grande Vital Brazil.
* Historiador e Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
A tradição oral sustenta que as minas da região foram descobertas pelo padre João de Faria Fialho, vindo de Taubaté, entre os anos de 1692 e 1693. Porém, o início do povoamento é descrito por Francisco de Paula Rezende, autor da obra “Minhas recordações”, informando em sua obra que teve conhecimento de uma carta datada de 1865 dando conta dos momentos da gênese da cidade. Tal missiva foi assinada pelo Dr. Manuel Joaquim Pereira de Magalhães, que obteve as notícias que ali vão transcritas de seu avô, José Francisco Pereira. Achamos interessante transcrever trechos que, significativamente, elucidam os primeiros tempos da história de Campanha: “eu não posso precisar bem a época em que se deram os fatos que vou narrar, mas, segundo dados prováveis, creio poder asseverar que eles tiveram lugar entre as eras de 1710 e 1720. Foi pouco mais ou menos neste período que, escapados das prisões de Vila Rica, dois sentenciados, um que se apelidava Montanhez e outro cujo nome não me lembro, atravessaram os sertões inabitados, que se estendiam ao S.D. de Vila Rica, e viajando por muitos dias, depararam com um quilombo composto de dois pretos, situado na latitude austral de 21o 16’ e 2o 15’ de longitude do meridiano do Rio de Janeiro”.
As relações com os quilombolas foram ficando, aos poucos, bastante tensas, o que gerou entre eles um conflito, sendo mortos os dois negros. A partir daí os fugitivos entraram em contato com uma pequena fazenda, avistada da região do pequeno quilombo, e, em contato com o fazendeiro dali, casaram-se com suas filhas, passando, então, a família a residir no quilombo e, de acordo com os termos da carta em análise, “talvez levados pela abundância de ouro que prometia o terreno já explorado pelos genros. São estes os primeiros habitantes do lugar onde é hoje a cidade de Campanha, que rapidamente povoou-se pela afluência de mineiros quer da capitania de Minas, quer da de S. Paulo”.
No século XVII, informações vindas de Mariana, davam conta de que havia gente explorando ouro na região do vale do rio Verde e assim surgiu a abertura de um caminho ligando as minas do rio Verde à cidade de São João Del-Rey, por iniciativa do ouvidor desta última, Cipriano José da Rocha, em 23 de setembro de 1737. Este, segundo Armelim Guimarães, autor da significativa obra “História de Itajubá”, chega às margens do Sapucaí e, em documento lavrado, diz ser o descobridor desse rio; inclusive em carta de 9 de dezembro do mesmo ano, ao governador da Capitania, Martinho de Mendonça de Pina e Proença, “o ouvidor fala de quatro rios sul mineiros e quando menciona o Sapucaí, coloca entre parênteses a informação: que eu descobri”.
Ao arraial ali fundado foi dado o nome de São Cipriano, constando de “praças e ruas em boa ordem e muito boas casas e ficava-se entendido em fazer igreja”, nos dizeres de carta daquele ouvidor e que foram reproduzidos por Waldemar Barbosa em seu livro “Dicionário histórico-geográfico das Minas Gerais”.
O arraial, primeiramente constituído de gente, em sua maioria, de Jacareí, Taubaté, Atibaia, Guaratinguetá e de Mogi das Cruzes, foi elevado à condição de freguesia em 1739 com o nome de Santo Antonio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde.
À condição de vila foi elevada, por motivação da população local, em 20 de setembro de 1798, por alvará régio, com a nova denominação de Vila da Campanha da Princesa da Beira.
Como cidade foi elevada através da Lei nº 163, de 9 de março de 1840. Campanha é famosa pela cultura da vinha, que, a partir dali, estendeu-se para outras localidades do sul das Minas Gerais.
Suas terras, em um determinado momento, alcançavam uma parte considerável do território mineiro. Perdeu esse território, aos poucos, por emancipação dos diversos distritos e hoje se circunscreve, apenas, à região da própria sede, com seus 336,9 km2. É considerada a “Atenas Sul Mineira”, cidade onde morou Bárbara Heliodora e onde nasceu o grande Vital Brazil.
* Historiador e Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais