terça-feira, 30 de novembro de 2010

COLUNA

Outros registros fiscais no sul das Gerais - 2

Registro da Mantiqueira – considerado um dos mais rendosos de todo o sistema de arrecadação do contrato das entradas da Capitania de Minas Gerais, perdendo em importância, apenas, para o Registro do Paraibuna. Situava-se quase na divisa do sul de Minas Gerais com São Paulo, entre Passa Quatro e Cachoeira Paulista, ao pé da serra da Mantiqueira, do lado mineiro, abaixo da garganta do Embaú. Seis anos após a sua fixação – em 1776 – a sua arrecadação era de 15:972$844, segundo dados anotados por José João Teixeira Coelho em sua obra “Instrução para o governo da Capitania das Minas Gerais”.

O famoso naturalista Saint-Hilaire descreveu esse Registro com minúcias, em sua segunda viagem a Minas Gerais: “o Registro da Mantiqueira, colocado na raiz da serra, compunha-se de casa da barreira, ocupada pela repartição e dum rancho, no qual ficava a balança onde se pesam as mercadorias vindas do Rio de Janeiro. As construções estão colocadas em torno de um grande pátio fechado do lado da montanha por uma porta de madeira. Como existe o projeto de se mudar o traçado da estrada, não se fez, desde algum tempo, o menor reparo nas casas do Registro que estão, atualmente, quando muito, habitáveis”.

Registro do Aiuruoca – apesar de ser conhecido como registro, era apenas um destacamento da picada da Aiuruoca, encarregado de reprimir o contrabando do ouro para o Rio de Janeiro, que passava pelas terras da atual Itamonte, ganhando o Itatiaia e descia pelas terras da Vila de Nossa Senhora da Conceição de Campo Alegre da Paraíba Nova (atual Resende). Situava-se nas proximidades da cidade de Aiuruoca, quase alcançando Baependi. O Códice Costa Matoso informa que havia ali, na década de 1750, “um capitão-mor, com duas companhias, com 150 homens”. É significativo que não tenha sido mencionado como registro fiscal em obras de destacado valor para o conhecimento da história do ouro em Minas Gerais, considerando-se que muitos bandeirantes ali também faiscaram ouro, como Simão da Cunha Gago e Manuel de Sá.

Registro de Itagybá – existiu durante o período de 1765 a 1820. Era integrante do sistema de fiscalização e arrecadação das entradas em Minas Gerais e tinha, também, a função de trocar ouro em pó por moedas. Alguns historiadores entendem que ali existiu, apenas, uma simples guarda de Itagybá e não um registro fiscal. Localizava-se nas terras da atual Delfim Moreira, muito possivelmente onde hoje encontramos um prédio da fiscalização da receita estadual, no alto da serra, entre Minas Gerais e São Paulo.

Registro do Lourenço Velho – situado na serra da Mantiqueira, próximo à nascente do ribeirão Lourenço Velho. O local está situado hoje em um distrito de Itajubá.

Registro do Picu – localizado em Minas Gerais na divisa com São Paulo, nas proximidades da montanha do Picu, hoje nas terras de Itamonte. Foi mencionado entre 1822 e 1823 e, com muita probabilidade, foi transferido, no século XX, para a garganta do Registro, no alto da serra, entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.



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* Historiador e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais