sábado, 22 de janeiro de 2011

COLUNA

Parece que faz uma eternidade desde a última vez que escrevi. Depois disso, muita coisa aconteceu. Me perdi de mim. Algumas vezes, isso acontece mesmo. Não tem jeito. Aí, tenho que tirar alguns dias de minha vida, para poder reencontrar: buscar todos os pedacinhos de mim que caíram pelo chão, juntá-los, um a um, e torcer para que o resultado fique parecido com que costumava ser. O nome disse? Utopia. Por que aquilo que foi mexido, modificado, transformado, nunca mais volta ao seu estado natural. Isso é o que chamamos de evolução. E evoluir demanda tempo. E, se demanda tempo, nos obriga a desenvolver a paciência. Taí algo que custa a se fazer presente em minha vida: paciência. Essa história de esperar, esperar e esperar não é comigo. Sou do dito nem-tão-popular: quem espera, sempre cansa. Eu cansei. E pulei fora. Nesse salto foi quando me perdi, partindo em mil pedacinhos. (...) (...) Estão quase todos no lugar novamente. Quase. Alguns pedaços ainda faltam. Na verdade, são um convite para aqueles mais corajosos que quiserem aventurar-se comigo. Se o pedacinho que tiver para oferecer for compatível aos espaços faltosos, bem vindo ao clube! Não garanto certezas, mas prometo momentos. Alguns, inesquecíveis. E nenhum deles serão efêmeros. Porque pode parecer que fui, mas procure dentro de ti e verá que

“Martelo o tempo preu ficar mais pianinho

com as coisas que eu gosto e

que nunca são efêmeras

e que estão despetaladas, acabadas

Sempre pedem um tipo de recomeço”




Versos muito bem escritos de Tulipa Ruiz. E maravilhosamente musicados por Tulipa Ruiz. Porque Tulipa nos traz cerveja gelada. Floresce canções primaveris aos ouvidos dos que amam. E dos que vivem. E dos apaixonados que tomam chuva de verão. Ou daqueles que fazem tudo e muito mais, sozinhos. E são felizes, ainda assim. Sabemos que o que está despetalado, sempre pede um recomeço.

http://www.youtube.com/watch?v=uDUXRzRwb20&feature=related

Tulipa Ruiz é paulista, mas cresceu em São Lourenço, estância hidromineral mineirinha, de onde saiu também a jornalista que vos fala. (=P) Se temos que agradecer por alguma coisa, definitivamente, serei eternamente grata à internet. Somente através dela pude conhecer músicas, bandas e trabalhos da cena independente brasileira. Independente e talentosíssima, diga-se de passagem. A paulista radicada em Minas e apaixonada pelo Rio, hoje, transcendeu o momento “promessa” e figura como base da dita “Nova MPB”, da qual também fazem parte talentos inquestionáveis como Céu, Tiê e Mariana Aydar. Aliás, todas elas participam do disco de lançamento de Tulipa, Efêmera, lançado em julho do ano passado, simplesmente no Disco Voador, palco de gravações memoráveis de artistas idem, como Bíquini Cavadão, Los Hermanos e Gabriel, O Pensador.



Como diria Nelson Motta, com sua levadinha tropical, naipezinho de metais caribenhos, juntamente com uma voz doce e melodias de ninar, Tulipa canta, encanta, inebria e arrepia. Não é a toa que São Paulo, berço e referência musical brasileira, rendeu-se à flor. Ruiz não traz respostas, muito menos suscita dúvidas. Ela nos leva a uma espécie de transe, uma hipnose que não nos obriga a nada. Simplesmente, nos fazem sair de nós e dançar com o vento. Pura poesia. E isso, é o que o amor faz.

http://letras.terra.com.br/tulipa-ruiz/1634346/



Transbordo alegria ao falar de mais uma “minhoca”. Gente da terra. Minha terra. E me orgulha mais ainda, por tratar-se de uma artista completa, de muita garra, suor e talento. Para aqueles que estão curiosos pelo som da florzinha, segue o link:

http://discotecanacional.blogspot.com/2010/05/tulipa-ruiz-2010-efemera.html

Vou ficando por aqui. Como não lhes desejei “feliz ano novo”, desejo agora, “felizes recomeços”. Pois, uma vez que deu errado, não saiu como queríamos e acabamos nos perdendo, sempre existe a possibilidade do recomeço. Exatamente porque, como diz Mário Quintana, “a beleza de cada ano novo é a impressão de que a vida não continua, apenas recomeça...”