terça-feira, 25 de janeiro de 2011

COLUNA

AS TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA – VII

(POUSO ALTO)

Segundo a tradição oral, pelas terras de Pouso Alto também teria passado a bandeira de Fernão Dias Paes, assim como outras levas de paulistas em direção ao interior do território. Sua fundação é atribuída, em 1692, a Antonio Delgado da Veiga, que teria seguido, posteriormente, em direção a Baependi. Esta informação está anotada no Jornal das Estâncias, de 19 de outubro de 1984: “o primeiro núcleo da futura cidade de Pouso Alto foi erigido pelo bandeirante Antonio Delgado da Veiga, que aí pernoitou em 1692, acompanhado de seu filho João da Veiga. Aproveitando a exuberância do solo, plantaram roças. Mais tarde, vieram os povoadores, como João dos Reis Cabral e outros. Ademais, entendemos que cidades ou instituições jamais terão sido, em época alguma, fundada por um só homem, mas sim, por grupos de pessoas que trabalharam em comum para esse objetivo”.

Um importante estudo, e talvez o mais significativo de todos os que encontrei sobre Pouso Alto, o do Prof. Leonel Junqueira (Pouso Alto, sua gente e sua história), dá conta de que, em 1675, o bandeirante Lourenço Castanho Taques tenha subido a região do Embaú e atrás dele, logo a seguir, teriam vindo Matias Cardoso de Almeida, seus dois filhos, e Borba Gato que, atravessando a mesma passagem, teriam avançado pelos Pinheirinhos e chegado a um sítio que denominaram de Pouso Alto, seguindo, posteriormente, para Baependi.

Informa-nos, ainda o Prof. Junqueira, compulsando anotações de Alfredo Taunay sobre a sesmaria de Pouso Alto, que no ano de “1701 João dos Reis Cabral fez roças e estabeleceu comércio com vários centros de mineração e é tido como o verdadeiro fundador de Pouso Alto”. Segundo ainda o ilustre historiador, outros pioneiros seriam Domingos Martins do Prado, que ali se estabeleceu com sua mulher Izabel Antunes de Miranda, e Lourenço Leme.

Em 1748 o povoado passa a denominar-se Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Pouso Alto. A paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Pouso Alto foi, então, constituída por Alvará de 16 de janeiro de 1752, e está ainda hoje no mesmo local cedido por Braz Leme. Em 1763, o proprietário da maior fazenda da região, Braz Esteves Leme, permitiria a construção de uma igreja junto ao terreiro da casa grande de sua fazenda.

A título de ilustração e pelo que foi anotado pelo naturalista Saint-Hilaire, informamos que o arraial de Pouso Alto em 1818 tinha 11.072 almas, sendo 451 índios. Em 1826 esse número subiu para 12.140 com 1996 casas.

Um outro importante observador, o padre Antonil, anotando em 1710 o caminho que os paulistas faziam em direção às minas do ouro, dá-nos preciosas informações sobre a região de Pouso Alto: “depois da estalagem do rio Verde, caminhando-se três ou quatro dias chegavam na afamada Boa Vista, a quem bem se deu este nome, pelo que se descobre daquele monte, que parece um mundo novo, muito alegre: tudo campo bem estendido e todo regado de ribeirões, uns maiores que outros, e todos com seu mato, que vai fazendo sombra, com muito palmito que se come e mel de pau, medicinal e gostoso. Tem este campo seus altos e baixos, porém moderados, e por ele se caminha com alegria, porque tem os olhos que ver e contemplar na prospectiva do monte Caxambu, que se levanta às nuvens com admirável altura”.

Freguesia em 14 de julho de 1832, por intervenção de Francisco Theodoro da Silva (que seria agraciado com o título de Barão de Pouso Alto, por decreto de 11 de outubro de 1848); distrito policial elevado a distrito de paz pela Lei nº 1520, de 20 de julho de 1868, subordinado a Baependi. Município e vila por Lei nº 2079, de 19 de dezembro de 1874, compreendendo as paróquias da sede, São José do Picu e Passa Quatro e o distrito de Virgínia, incorporado em 1890, por Decreto nº 233, de 14 de novembro, tendo-se desmembrado por Lei nº 556, de 30 de agosto de 1911, que a elevou a município. A cidade seria instalada em 18 de dezembro de 1878, por força da Lei 2461, daquela data.

Em 1o de setembro de 1888 perdeu o distrito de Passa Quatro, que se emancipava naquela ocasião.

Em 1903, por divisão administrativa da época, compreendia o distrito de Santana do Capivari. Criado em 1911, por Lei nº 556, de 30 de agosto, o distrito de Itanhandu. Perdeu em 1923 os distritos de São José do Picu, Alagoa e Itanhandu. Criado pela Lei nº 1039, de 12 de dezembro de 1953, o distrito de São Sebastião do Rio Verde, o qual perdeu em 1962.

Suas atividades principais são a agropecuária e a indústria de laticínios.



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* Historiador e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais