Excluídos do primeiro escalão da administração do governador Antonio Anastasia (PSDB), os deputados da bancada do PMDB de Minas decidiram em reunião, que não vão abrir mão da primeira secretaria na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas. Os peemedebistas alegam que é tradição na Casa a terceira maior bancada – no caso o PMDB, com oito parlamentares – assumir o cargo, mas o assunto tem gerado controvérsias. Quem entrará na disputa é o deputado José Henrique (PMDB). Ele está afinado com o Palácio da Liberdade e apoiou Anastasia no último pleito.
Os sete deputados eleitos, presentes no encontro, optaram em deixar a discussão sobre o posicionamento da legenda para depois da eleição da Mesa Diretora. Ela será realizada em 1º de fevereiro, mesmo dia da posse dos parlamentares eleitos. Nos bastidores, a informação é de que a primeira secretaria seria a condição para o PMDB apoiar a base aliada do governo.
O deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) negou: “Secretaria de Estado é nomeação do governador. Na Assembleia, o governador não nomeia os membros da Mesa. Espero que ele não interfira. O PMDB não vai abrir mão daquilo que conquistou nas urnas”, disse.
Vice-líder da bancada, Sávio Souza Cruz já indicou que quer reeditar o blocão com o PT, diferentemente do líder, Vanderlei Miranda (PMDB), que é contra a aliança. Vanderlei já defendeu a composição com a base de governo e agora afirma que pretende formar um bloco independente. “O PT nos pediu uma reunião, ela será feita depois da eleição da Mesa. No momento, o nosso objetivo é a primeira secretaria. Não estamos pedindo um lugar na Mesa, estamos dizendo que nós queremos ocupar o nosso lugar, que é um direito nosso”, reforçou.
A briga, no entanto, não será fácil para o PMDB. Os outros três partidos que também estão na disputa compõem a base aliada de Anastasia. O DEM vai lançar o deputado Gustavo Corrêa. A decisão é recente. “Consultei vários deputados e resolvi me candidatar para a primeira secretaria”, afirmou. Corrêa chegou a ser cotado para assumir a Secretaria de Esportes na gestão de Anastasia, que ficou com Bráulio Braz (PTB).
Também disputará o cargo o deputado do PV Inácio Franco e os do PTB Arlen Santiago e Dilzon Melo. Os dois afirmaram ontem que não vão abrir mão da vaga para o colega de partido ocupá-la. “Apoiei o Dilzon sempre que ele precisou, somos amigos. Nesse momento, achei que é a minha vez. Ainda espero que ele faça este gesto de grandeza e acabe me apoiando”, afirmou Arlen. “Eu não vou deixar a disputa, não existe essa possibilidade. É constrangedor porque somos do mesmo partido, mas tenho o apoio do PTB e o governo também tem interesse em mim”, opôs Dilzon.
Apoio
A bancada do PMDB de Minas manifestou apoio à insatisfação da cúpula da legenda federal com o rumo das discussões da composição do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Para os parlamentares, a crise instalada entre os dois partidos (PT e PMDB) – que provocou a suspensão das nomeações no segundo escalão até fevereiro – reflete situação que já vinha se arrastando em Minas Gerais com a composição do ministério, quando os mineiros foram “esquecidos” pela presidente. Para Vanderlei Miranda, não é surpresa que Dilma tenha virado as costas para o PMDB. “Da mesma forma que o PT nos preteriu, agora depois de eleita Dilma também preteriu Minas Gerais como um todo, nos deu de presente um pacote que eu tenho chamado de ingratidão com o povo mineiro”, afirmou.
Fonte: UAI