A capital mineira vai abrigar o Memorial da Anistia, obra do Ministério da Justiça, com participação da Universidade Federal de Minas Gerais e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Em ato público ontem, que contou com aproximadamente cem pessoas - entre políticos, artistas, estudantes, jornalistas, estudiosos e cidadãos que participaram da redemocratização do Brasil -, foi assinada a ata de fundação da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia.
Segundo Betinho Duarte (PT), ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte e um dos coordenadores da associação, um dos objetivos do memorial é possibilitar o resgate da verdade sobre a ditadura militar. "O local mostrará não a versão dos fatos, mas um registro histórico dessa época", disse.
Betinho acredita que os documentos a serem reunidos no Memorial da Anistia pertencem à humanidade, e não a determinadas pessoas. "Eu, por exemplo, vou doar atas de reuniões do Comitê Brasileiro pela Anistia, do qual fui presidente em Minas Gerais. O jornalista José Maria Rabelo - refugiado político à época - também vai ceder material", afirmou o petista. O coordenador prevê que aproximadamente 70 mil processos da Comissão Nacional de Anistia serão reunidos no memorial.
Sueli Belato, vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia, confirmou que os processos estarão disponíveis no memorial. "É uma grande riqueza", acrescentou Belato. De acordo com ela, o ato "chama a sociedade civil a ser protagonista da abertura desses arquivos" e é um meio de consolidação da democracia no Brasil.
Dilma. Belato acredita que o fato de a presidente Dilma Rousseff ter sido presa política durante a ditadura militar contribuiu para que o projeto saísse do papel.
Nilmário Miranda, ministro da Secretaria de Direitos Humanos no governo Lula, acredita que Dilma deverá comparecer ao evento oficial de inauguração do Memorial da Anistia, ainda sem data para ocorrer. Presente ao evento, o prefeito Marcio Lacerda destacou a importância do memorial.