Enfim, o retorno do Museu de Caxambu
Um museu é, em síntese, uma instituição que tem como função a conservação do patrimônio cultural de um determinado povo, a manutenção e a valorização de sua identidade. É o espaço institucionalizado onde se desenvolve a relação específica do homem com o bem cultural. Em 6 de julho de 2001, a 20ª Assembleia Geral do ICOM – International Council of Museums –, ocorrida em Barcelona e referendada pela 21ª Assembleia Geral ocorrida em Seul, em 8 de outubro de 2004, reformulou o conceito de museu, definindo-o como “uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, preserva, pesquisa, comunica e expõe, para fins de estudo, educação e lazer, os testemunhos materiais e imateriais dos povos e seus ambientes”.
Levando em conta todos esses preceitos básicos, reabre-se neste dia 18 de maio, após 21 anos fechado, o Museu de Caxambu. O pensamento da administração é dar um novo tratamento e um novo enfoque ao Museu, pensando, inclusive, em por em prática uma política pública específica para museus. Assim, existem desafios que devem ser transpostos e que atingem a realidade dos museus brasileiros, que podem, em síntese, ser definidos desta forma: o desenvolvimento de modelos de gestão que estimulem redes de sistemas de museus; democratizar o acesso aos bens culturais; propor a criação de dispositivos que valorizem o patrimônio cultural, além de, principalmente, estimular a criação de programas educativos.
O objetivo geral do Museu será permitir aos caxambuenses e visitantes identificarem-se com a história da região onde vivem para assim compreenderem o sentido de preservá-la. Desta forma, o desenvolvimento de trabalhos dentro de uma postura de preservação da história do município, através das manifestações folclóricas, familiares e tradicionais é considerado, no universo museológico, um momento decisivo para que o Museu promova e valorize a sua comunidade. A partir desse viés e procurando racionalizar recursos e incentivo à memória dos fatos, acontecimentos e à produção dos caxambuenses, o Museu deverá passar a atuar em consonância com as demais instituições culturais da cidade, do estado e do país, procurando inserir as suas ações na agenda das políticas culturais públicas e privadas, propiciando, através, prioritariamente, de ações educativas, o acesso da sociedade à cultura proposta pela entidade.
Para a reinauguração, apresenta-se a exposição Tesouros do Museu Nacional, composta de reproduções das peças mais importantes do Museu Nacional/UFRJ, em tamanho real, bancadas interativas que mostram parte do acervo arqueológico e paleontológico, como ossos, cerâmicas e fósseis. No total, 103 peças estarão disponibilizadas para observação, para que os visitantes vivenciem parte do cotidiano científico daquele Museu. Além disso, monitores (alunos e professores das escolas municipais) estarão no local, nos turnos manhã e tarde, para orientar os visitantes.
A exposição itinerante Tesouros do Museu Nacional pretende oferecer à população de Caxambu e às cidades no entorno do Circuito das Águas um vislumbre de tesouros conservados no Museu Nacional, que normalmente só estão disponíveis a quem visita aquela instituição centenária que se localiza na Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.
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* Museólogo e responsável técnico pelo Museu de Caxambu