terça-feira, 24 de maio de 2011

COLUNA



O Museu de Caxambu e a sua importância
Paulo Paranhos*

O Museu de Caxambu, criado por ato de 26 de setembro de 1970, durante 21 anos serviu à população caxambuense, mormente as escolas do município, como um repositório significativo da história e tradições artísticas de seu povo. O seu fechamento criou um hiato considerável nas ações pedagógicas municipais, eis que subtraídas ao universo escolar fontes fidedignas da memória da sociedade caxambuense. O retorno das atividades, neste último dia 18 de maio, com a perspectiva de recuperação do acervo e o seu tratamento - adequadamente considerado dentro dos padrões museológicos e museográficos modernos - abre uma perspectiva formidável à sociedade como um todo e, em especial, à população escolar, carente de informações de sua própria identidade. Além desse público constante e para o qual serão dirigidas as principais ações do Museu, há que se atentar que Caxambu recebe um número considerável de turistas o ano inteiro, graças à excelência de suas águas minerais que a fizeram conhecida internacionalmente, além de merecedoras de importantes prêmios.

O Museu de Caxambu pretende, com suas ações voltadas – frise-se bem - principalmente para o universo escolar, ser um pólo irradiador de cultura para o município e o seu entorno. Mostrando em sua primeira exposição os “Tesouros do Museu Nacional”, numa feliz associação com aquela casa de cultura, integrante da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o visitante depara-se com verdadeiras relíquias que foram acumuladas ao longo dos anos graças à atuação, dedicação e devoção de cientistas, pesquisadores e amantes da cultura, das artes e das ciências no Brasil.

Fundado em 1818, sucedendo a antiga Casa dos Pássaros, na região central da cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Campo de Santana, e transferido definitivamente em 1892 para o prédio da Quinta da Boa Vista, o Museu Nacional/UFRJ abriga, ao longo do tempo, um verdadeiro manancial de objetos e documentos que retratam aspectos os mais diversos não só do Brasil como também de várias partes do mundo. Visitando a exposição “Tesouros do Museu Nacional” podemos constatar ser a instituição a mais importante na preservação da história natural brasileira, com significativas coleções, além de abrigar a maior biblioteca científica do Brasil. Seguindo os rumos do crescimento científico nacional, o Museu Nacional contribuiu sensivelmente para esse progresso, haja vista que ali pesquisadores dos mais diversos naipes puderam realizar suas experiências em laboratórios das mais variadas especialidades.
Assim, o que hoje se expõe no Museu de Caxambu e que permanecerá até o final do mês de julho, nas palavras do professor Luiz Fernando Dias Duarte, mentor de tal exposição, “são tesouros do conhecimento, tesouros da memória nacional, tesouros da natureza e da cultura preservados para as futuras gerações”. 
Não restam dúvidas de que, a partir desse instante e a partir dessa parceria, o Museu de Caxambu dá um salto qualitativo na revitalização da memória do município, inscrevendo-a na grande História do Brasil que necessita dessas bases regionais e seus atores para ter completa a sua redação.

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* Museólogo e responsável técnico pelo Museu de Caxambu