Aconteceu entre os dias 19 a 21 de maio a 7.ª edição do SePLA - Seminário de Pesquisas em Linguística Aplicada, que ocorre anualmente nas dependências do DCSL – Departamento de Ciências Sociais e Letras da UNITAU – Universidade de Taubaté.
Este ano, o evento que é uma iniciativa do PPGLA – Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada (Nível Mestrado) - teve o seguinte tema norteador dos trabalhos, discussões e minicursos: “Leitura e Produção: múltiplas perspectivas no ensino de línguas”. Este tema se fez presente em diversos graus, em praticamente todas as discussões o que garantiu uma coesão surpreendente ao Seminário e denotou uma verdadeira “engenharia” organizacional e educacional.
Participaram como ouvintes e apresentadores alunos da graduação, mestrandos, mestres e doutores de diversas instituições, o que muito contribuiu para o enriquecimento da discussão em torno da problemática-tema do Seminário. A quantidade e a qualidade das apresentações, bem como o público que compareceu a cada apresentação imprimiu um tom de Congresso ao evento.
Tive a grata satisfação de participar de vários momentos, como ouvinte e também apresentando três estudos que realizei no âmbito do PPGLA, do qual sou discente. Fato inconteste é que o evento contribuiu significativamente para mudar, melhorar e ampliar o olhar dos participantes sobre a Leitura e a Produção textual.
Infelizmente, em função de meu horário de trabalho não pude participar da Conferência ministrada sexta (20) das 14 – 18h pela Profa. Dra. Claudia Riolfi (USP), mas ouvi diversos relatos sobre quão proveitosa foi a Conferência e como ela ajudou a dar ainda mais nexo a todas as discussões e apresentações que foram feitas durante os três dias.
Das atividades nas quais me envolvi diretamente gostaria de destacar alguns pontos:
● Dia 19 às 8h - frequentei o minicurso ministrado pela Profa. Dra. Eliana V. Brito – o curso demonstrou com eficiência e de maneira prática (aplicada) como o professor de Língua Portuguesa/Literatura pode fazer uso da MPB para ensinar Literatura, Leitura e Compressão Textual. A relação que a Profa. fez entre MPB e Literatura foi muito clara e inteligente. Destaque-se a utilização de um repertório amplo e variado que foi desde Vinícius, Toquinho, Chico, Tom, Cartola, Zé Rodrix, Caetano, até Renato Russo e Belquior, entre tantos outros que foram utilizados.
Imediatamente após (10h) pude ouvir a Profa. Dra. Claudete M. Ghiraldelo abordando a relação que há entre a representação que fazemos da Língua Portuguesa e a identidade nacional. A importância maior deste minicurso foi entender as implicações que essas representações trazem ao ensino de Língua Materna.
Neste mesmo dia às 19h30 frequentei o minicurso das Doutoras Elisabeth R. Silva e Vera L. B. S. Renda que abordou a construção de valores através de histórias que o professor de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual pode realizar. As Professoras discorreram sobre a humanização do Belo, do Bom e do Justo e com isso trouxeram à tona discussões que envolvem a Ética, a Estética, a Política e a Educação. O curso estava lotado e todos ficaram maravilhados com a abordagem feita pelas professoras e concluíram que a Literatura e a Ética se fazem essenciais na Educação, em todos os níveis, para auxiliar na construção de valores.
● Dia 20 às 19h30 - juntamente com vários estudiosos, pude ouvir a Dra. Miriam B. Puzzo que tratou da Linguagem verbo-visual na Literatura. A Profa. resgatou textos de José de Alencar, José Paulo Paes, Dalton Trevisan entre outros, e demonstrou com clareza, precisão e simplicidade a presença de elementos não verbais (visuais) em textos literários. Interessante dessa abordagem foi o fato da professora abordar o não verbal a partir do verbal. O tema envolvendo estudos de elementos verbo-visuais é mui caro aos que estudam a Linguagem e por isso atraiu estudantes e estudiosos de várias linhas de pesquisa.
Nesse mesmo dia à noite ocorreu um minicurso do qual não participei diretamente, mas reúno elementos para traçar aqui alguns comentários, já que faço parte de seus grupos de estudo e linhas de pesquisa. Foi o minicurso do Professor Dr. Carlos A. Oliveira (meu orientador). Este minicurso funcionou para expor como ocorre a leitura em mídia digital e também sobre o material didático virtual. Acontece que as pesquisas que o Prof. Carlos têm orientado em muito têm contribuído para entendermos, ampliarmos e mudarmos nossa visão a cerca das Interfaces Digitais, a cerca do Hipertexto e a íntima relação que as TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação tem com os estudo de Linguagem e ensino de Línguas.
● Dia 21 às 9h – sábado de manhã foi o dia das Comunicações orais e painéis, que compreenderam estudos em andamento ou já concluídos, de mestrado, de iniciação científica e o importante projeto de formação continuada - CAPES/INEP/UNITAU/OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO/ UNITAU - “Competências e habilidades de leitura: da reflexão teórica ao desenvolvimento e aplicação de propostas didático-pedagógicas” - coordenado pela Dra. Maria Aparecida Lopes Rossi. O projeto apresentou alguns resultados a cerca dos estudos que vêm sendo feitos sobre a Matriz de Referência da Prova Brasil, bem como a cerca da leitura numa perspectiva sociocognitiva. As apresentações contaram com a participação dos professores da rede municipal de Taubaté que fazem parte do projeto de “formação continuada”.
As apresentações de sábado compreenderam um universo de 46 (!) trabalhos, bastante para um só dia de apresentação. A temática dos trabalhos não fugiu ao tema geral do SePLA que foi Leitura e Produção. Encontro-me impossibilitado de fazer uma panorâmica deste momento do evento, uma vez que fiquei em uma única sala na qual foram apresentadas pesquisas (inclusive as minhas) sobre leitura, formação de professor e ensino de língua portuguesa. Todas as apresentações que pude acompanhar neste dia discorreram sobre trabalhos muito bem elaborados e melhor ainda apresentados, destaque para o trabalho da Profa. Mestre Luiza M. L. M. Alves, da FAI – Faculdade Administração e Informática – de Sta. Rita do Sapucaí. A professora apresentou uma pesquisa que surtiu impacto direto na estrutura de alguns cursos superiores, inclusive com a criação da Disciplina de Ética.
Em última análise, concernente aos estudos de Linguagem, o 7.º SePLA serviu para destacar os trabalhos e estudos que vêm sendo feito no âmbito da Linguística Aplicada na UNITAU. Para além da Linguística Aplicada, o evento serviu para demonstrar através do Conhecimento e das relações interpessoais harmoniosas e afetuosas que se estabeleceram, como o DCSL se constitui num verdadeiro Instituto Superior de Humanidades.
Texto: Professor Maurílio de Carvalho