Odete Coppos, a benfeitora do Museu de Caxambu
No ano de 1970, sendo prefeito municipal o Dr. Ferraz Caldas, inaugurava-se o Museu de Caxambu no prédio da antiga caixa d’água da cidade. Para tanto, contou com o apoio incondicional e voluntário de Odete Coppos que nutria uma verdadeira paixão pela cidade de Caxambu. Odete, com o auxílio de sua grande amiga, a jornalista Lourdes Maria Villas-Boas de Brito, foi responsável pela formação do primeiro acervo do museu e pela exposição que logo se seguiu. Fez inúmeras doações, dentre elas objetos de alfaiataria, antropologia, armaria e botânica, além de várias peças em cerâmica, constando dois pratos pintados por ela mesma. Também estavam entre as doações diversos cristais; uma coleção de desenhos em artes gráficas e aquarela; esculturas como uma réplica da máscara mortuária de Carmem Miranda; peças de indumentária, pinturas e fotografias variadas. Infelizmente, todo esse acervo perdeu-se com o fechamento do museu na década de 1990.
Escritora, historiadora, poetisa e compositora conhecida nacionalmente, Odete foi uma pioneira em muitos sentidos: foi a primeira itapirense que apareceu nas telas do cinema nacional, assim como a primeira daquela cidade a gravar um disco. Além disso, foi a artista itapirense que, pioneiramente, posou nua para uma série de fotos e desenhos feitos por Wilson Marins e, posteriormente, para algumas esculturas de Matheus Fernandes, ambos os trabalhos nos anos 1950. Detentora de várias láureas e títulos de cidadã honorária concedidos pelas Câmaras Municipais de Olímpia, de Itapira e de Baependi. Membro das Academias de Letras de Piracicaba, de Campanha, da Academia Guaçuana de Letras (Mogi-Guaçu), correspondente da Academia de Letras de Imperatriz, no Maranhão, e da Academia Brasileira de Belas Artes, do Rio de Janeiro. Fundadora da Academia Itapirense de Letras e Artes.
Como estudiosa dos assuntos referentes ao continente africano, participou durante 26 anos das congadas de Itapira, escrevendo diversos artigos sobre o tema.
Apaixonada por artes e história, muito contribuiu para a formação de museus, assim como o de Caxambu, além dos Museus de Campanha, Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Pertenceu a importantes entidades culturais internacionais como a Société Académique de Arts Liberaux, de Paris.
Entre suas principais obras estão: “As congadas” (1971); “A outra face da society” – contos (1958); “Ser mãe” – poemas (1959); “Amor e poesia” – poesia (1959); “Memórias de um apartamento” – romance (1960); “Hino de Louvor à Madre M. Evangelina” – poema; “O Coro da Penha de Itapira” - poema (1967); “Bagageira de ilusões” – poesias; “Guia de Turismo de Itapira” (1970); “70 anos de poesia” (1993); “O livro de Itapira” (1995); “A Revolução Constitucionalista de 1932” (1996) e “Da dove veniamo – emmigrazione” (1997). Também de sua lavra consta uma “Carinhosa mensagem a Caxambu” – mensagem esta sobre a criação do Museu de Caxambu, datada de 27 de setembro de 1970.
Odete Coppos nasceu na cidade de Itapira, estado de São Paulo, em 14 de maio de 1916 e faleceu na sua cidade natal em 9 de julho de 2009. Perto de falecer ainda se mantinha ativa, produzindo obras literárias de grande valor para a cultura da cidade, colaborando em muito com a Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo.
Este o perfil daquela que, um dia, acreditou no potencial cultural da cidade de Caxambu. Para ela, todas as nossas homenagens.
* Museólogo e responsável técnico pelo Museu de Caxambu