João Carlos de Medeiros Pardal Mallet nasceu em Bagé, em 9 de dezembro de 1864 e faleceu em Caxambu, em 24 de novembro de 1894. Jornalista e romancista, é patrono da cadeira número 30 da Academia Brasileira de Letras. Filho do general João Nepomuceno de Medeiros Mallet e neto do marechal Emílio Mallet, patrono da artilharia do Exército, ambos participaram da Guerra do Paraguai.
Aluno exemplar, tendo aprendido as línguas francesa e inglesa na infância, concluiu os primeiros estudos em sua cidade natal, mudando-se posteriormente para o Rio de Janeiro a fim de ingressar na Faculdade de Medicina. Em 1884, interrompeu o curso porque um professor o ameaçou reprovar caso não abdicasse de suas ideias republicanas manifestadas em artigos publicados em jornais cariocas. Convicto de suas opiniões abandonou definitivamente a faculdade para dedicar-se à literatura e ao jornalismo. Mudou-se para São Paulo e depois para o Recife, onde concluiu o curso de Direito.
Durante sua estada em Pernambuco publicou os romances “Hóspede” e “Meu Álbum”, ambos de 1887. No ano seguinte seria editado o romance “Lar”.
Retornando ao Rio de Janeiro, em 1888, deu início à sua participação nos movimentos abolicionista e republicano. O jornalismo foi a sua grande paixão espiritual: escreveria para a “Gazeta da Tarde”; colaboraria com a “Gazeta de Notícias”, o “Diário de Notícias”, escrevendo muitas vezes sob o pseudônimo de Souvarine. Trabalhou no jornal de José do Patrocínio, mas, por divergências políticas, rompeu com o grande abolicionista, que era anti-republicano, e fundou o jornal “A Rua”, tendo ao seu lado as brilhantes companhias de Luís Murat, Olavo Bilac e Raul Pompéia. Temperamento exaltado, por questões políticas chegou a duelar com Olavo Bilac, com floretes.
Fundou o jornal “O Combate”, vindo a público o primeiro número em 12 de janeiro de 1892. No artigo de fundo, que lhe servia de programa, Pardal Mallet se declarava “socialista moderno, científico e construtor”. Naquele jornal defendeu suas ideias e combateu o governo de Floriano Peixoto, até sofrer agressões por parte de adeptos do florianismo. Fez dura oposição ao governo, participando ativamente da Revolta da Armada, terminando preso e desterrado em Tabatinga, no Amazonas, no ano de 1893. Anistiado, voltou para o Rio de Janeiro onde passou breve temporada no palacete da família, seguindo depois para a casa de veraneio em Caxambu, onde esperava curar-se da tuberculose que o afligia; no entanto, aqui veio a falecer antes de completar 30 anos: a agressão que sofreu dos florianistas contribuiu sensivelmente para a debilitação de sua saúde.
Em 1897, ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, o poeta e jornalista Pedro Rabelo escolheu como patrono da cadeira pioneiramente por ele ocupada o nome de Pardal Mallet.
Os restos mortais de Mallet encontram-se sepultados no cemitério da cidade de Caxambu.
* Historiador