Ruas de Caxambu
Dr. Viotti
Há algum tempo assino uma coluna no jornal carioca “Revoartes Mesquita do Barão”, jornal este que circula com mais frequência no bairro da Tijuca. Nessa coluna falo sobre as ruas do bairro, dando um destaque para a história daqueles que lhes dão nome. Aliás, nas placas indicativas dos nomes das ruas naquele bairro existem pequenos dados biográficos de seus homenageados.
Pois bem, idealizando esse mesmo projeto para a nossa Caxambu, passo a falar um pouco das nossas ruas, principalmente das figuras que lhes dão destaque, ainda que muitos também já tenham sobre algumas delas falado.
Para iniciar, lembro aqui o nome do Dr. Polycarpo Rodrigues Viotti, médico, político, homem afeito à benemerência na Caxambu do passado. Sua visão com relação ao tratamento com as águas minerais deve ser sempre lembrada, não fosse ele um dos fundadores da primeira empresa de comercialização das águas minerais de Caxambu, no ano de 1886 e um dos iniciadores da Crenoterapia no Brasil.
Autor de uma obra inigualável sobre as propriedades das águas minerais – “Águas alcalino-gasosas do sul de Minas – seus efeitos fisiológicos e terapêuticos”, apresentado em importante congresso na cidade de São Paulo, o Dr. Viotti também foi, com a implantação do regime republicano, deputado constituinte e vice-presidente da primeira Câmara de Deputados que se instalou em 1890. Nascido em 21 de junho de 1843 em Baependi, colou grau em 1871na Faculdade de Medicina da antiga Universidade do Brasil, retornando à sua cidade no ano de 1879. Casou-se com D. Ambrosina Elysa Noronha de Magalhães. Alexina Sá, uma das importantes cronistas de Caxambu, lembra em seu livro que o Dr. Viotti sempre dizia com naturalidade: “o médico da roça não pode ter especialidade; tem o dever de saber tudo!”, referindo-se ao seu ecletismo no trato com a medicina, variando de obstetra a cirurgião.
Residiu algum tempo fora de Caxambu: em Monte Santo, de 1893 a 1895; retornou a Caxambu e aí clinicou até o ano de 1899, transferindo-se para a cidade de São Paulo, onde residiu até 1903. Em 1904 deveria ter assumido a prefeitura municipal de Poços de Caldas, mas declinou do convite e retornou para Caxambu onde, no período de 1914 a 1918, foi o chefe do executivo municipal. Com 85 anos de idade, no dia 22 de maio de 1928, faleceu em Caxambu.
* Historiador e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.