terça-feira, 27 de setembro de 2011

COLUNA

Ruas de Caxambu -  Av. Barão do Rio Branco


A avenida Barão do Rio Branco situa-se na subida do Centro para o bairro do Trançador. Naquele mesmo bairro encontramos, também, uma travessa Barão do Rio Branco. E quem foi essa personalidade da História do Brasil e que foi lembrada aqui em Caxambu?

No dia 20 de abril de 1845 nascia uma das mais simbólicas figuras públicas do Brasil: José Maria da Silva Paranhos Júnior, estadista de primeira linha e baluarte da diplomacia internacional, que seria mais tarde agraciado com o título de Barão do Rio Branco. A ele devemos a configuração atual que tem o Brasil, após prolongado e estafante acordo realizado com a Bolívia em relação ao território, hoje estado do Acre. Sem sombra de dúvidas, a figura do Barão do Rio Branco no cenário diplomático internacional só veio a alicerçar, inclusive, a posição que o Brasil desfrutou durante anos como mediador de causas e emérito conciliador de contrários.

Filho de José Maria da Silva Paranhos, o visconde do Rio Branco, e de Thereza de Figueiredo Paranhos (Rodrigues de Faria, em solteira), casou-se com a belga Marie Philomène Stevens, em 1872, com quem teve 5 filhos. Estudou Direito da Faculdade de Direito de São Paulo, tendo colocado, grau, no entanto, na Faculdade de Direito do Recife, no ano de 1866.

Dadas as suas investidas na área da História, como correspondente de jornais que cobriam a Guerra do Paraguai, seria empossado como membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em 9 de junho de 1868, em sessão solene presidida pelo próprio imperador D. Pedro II.

Regeu a cadeira de Corografia e História do Brasil no Imperial Colégio Pedro II, a partir de 1868. Em 1869, foi nomeado promotor público de Nova Friburgo. Eleito deputado provincial por Mato Grosso, em duas legislaturas: 1869-1872 e 1872-1876. Também no ano de 1869, como secretário da Missão Especial, acompanhou o pai – o Visconde do Rio Branco - ao rio da Prata e ao Paraguai. No mesmo caráter participou, em 1870 e 1871, nas negociações de paz entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. Regressando ao Rio de Janeiro, dedicou-se ao jornalismo e dirigiu A Nação, juntamente com Gusmão Lobo.

Em 1875 passou a ser sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Cônsul do Brasil em Liverpool, por indicação direta do Duque de Caxias, então Presidente do Conselho de Ministros. Nesse cargo permaneceu até 1893.

Por decreto imperial de 30 de maio de 1888, recebeu, ainda na França, o título de Barão do Rio Branco.



São inumeráveis as atuações do Barão do Rio Branco como diplomata e chanceler do Brasil, citando aqui a missão em Nova York para cuidar da Questão das Missões, com a Argentina; a Questão do Amapá, com a Guiana Inglesa; porém sem sombra de dúvidas aquela ligada à questão com a Bolívia, que redundou na assinatura do Tratado de Petrópolis (foto), em 17 de novembro de 1903, dá mostras pujantes de sua competência para com as coisas da Pátria.

Em 1902 foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu até a morte em 1912.

Eleito para a cadeira nº 34 da Academia Brasileira de Letras, patronímica de Sousa Caldas, em 1º de outubro de 1898, é autor das famosas Efemérides Brasileiras, publicadas no ano de 1893, além de outros estudos como A questão de limites entre o Brasil e a Guiana Francesa, em 7 volumes.

Rio Branco vivia cercado de grandes homens, diplomatas, políticos, estadistas, muitos sob o seu comando como o próprio Euclydes da Cunha, o jurista Ruy Barbosa, Domício da Gama, Joaquim Nabuco e tantos outros. Foi o único que recebeu do governo republicano a licença para continuar usando o título de nobreza (barão). Não restam dúvidas de que, ainda vivo, era uma figura histórica.

Rio Branco faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 10 de fevereiro de 1912, dia em que a cidade parou, segundo os jornais da época, para reverenciar uma das maiores expressões de nacionalidade que o Brasil já conhecera. O seu valor, segundo um dos seus mais afamados biógrafos - Affonso de Carvalho -, “só pode ser medido com a escala da grandiosidade”.


* Historiador e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.