Ruas de Caxambu
Ruy Barbosa
A Ruy Barbosa, localizada no bairro Santa Cruz, presta homenagem a uma das grandes figuras do mundo jurídico. Ruy Barbosa, cognominado de “O Águia de Haia”, representou o Brasil na II Conferência de Paz ocorrida naquela cidade holandesa, salvaguardando os interesses do Brasil e destacando-se também como defensor da soberania dos países menores, merecendo aquele apelido que havia sido criado para ele pelo barão do Rio Branco, por ocasião do embarque da delegação brasileira para a Europa. Na realidade, seriam “duas águias” – a outra, Joaquim Nabuco, acabou não viajando. Naquela conferência Ruy entendia que somente no Direito era possível buscar a garantia da soberania das nações que não faziam parte do grupo de potências mundiais da época, então lideradas pela Inglaterra. A atuação do Brasil na Conferência seguiu esta lógica, nos dizeres do próprio Ruy, quando da abertura dos trabalhos: a constituição do tribunal permanente de arbitramento é negócio de interesse universal, que não encara as nações segundo a sua importância relativa. Não se reconheceriam aí diferenças de interesse, a menos que fossem em favor dos débeis contra os fortes. Nos últimos anos de sua vida foi eleito para Juiz daquela Corte Internacional.
Ruy Barbosa nasceu em Salvador, no dia 5 de novembro de 1849, filho de João José Barbosa de Oliveira e de D. Maria Adelia Barbosa de Oliveira. Bacharelou em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo no ano de 1870. Durante o regime monárquico foi por várias vezes deputado à Assembleia Provincial da Bahia e no regime republicano ocupou os cargos de Vice-Chefe do Governo Provisório e Ministro da Fazenda do marechal Deodoro da Fonseca.
Em 1876, casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira. Dois anos depois foi eleito deputado à Assembleia da Corte.
Além de abolicionista de primeira hora, Ruy era ferrenho adepto do regime republicano e foi o responsável pela redação do primeiro decreto do governo provisório do marechal Deodoro.
Em 1893, envolveu-se na Revolução da Armada e acabou exilado. Após ter passado pela Argentina, Lisboa, Paris e Londres, voltou para o Brasil e foi eleito senador pela Bahia em 1895.
Autor de uma vasta obra literária, Ruy Barbosa foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, no ano de 1897, quando ocupou a cadeira nº 10, tendo como patrono Evaristo da Veiga. Daquela Academia foi Presidente de 1908 a 1919.
Com seu grande prestígio jurídico, candidatou-se duas vezes à Presidência da República (em 1910, contra Hermes da Fonseca, e em 1919, contra Epitácio Pessoa), derrotado em ambas.
Ruy Barbosa faleceu em Petrópolis no dia 1º de março de 1923, praticamente um ano após ter estado na cidade de Caxambu que visitava pela segunda vez. Na primeira delas, em 1919, deixou impressões significativas sobre o nosso Parque das Águas, merecendo uma singela homenagem do grande jurisconsulto que o considerava, pelas águas minerais curativas, uma verdadeira medicina entre jardins de uma florescência exuberante.
Joaquim Nabuco, outro grande jurisconsulto brasileiro assim se referiu ao amigo: Ruy Barbosa é hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país.
* Historiador