terça-feira, 8 de novembro de 2011

COLUNA

Ruas de Caxambu

Conselheiro Mayrink


Localizada no Centro da cidade, a rua Conselheiro Mayrink presta homenagem a uma figura de capital importância para a cidade de Caxambu, pois a ele credita-se grande parte dos benefícios que ainda hoje existem, principalmente o nosso Parque das Águas.

Francisco de Paula Mayrink nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 8 de dezembro de 1839, filho de João Carlos Mayrink e Maria Emília Bernardes. Estudou na Escola Politécnica sem, no entanto, concluir o curso de engenharia. Ingressou como escriturário no Banco Comercial do Rio de Janeiro e ali, após galgar diversos cargos e funções, chegou à diretoria em 7 de agosto de 1876. Dado o seu vivíssimo tino para assuntos comerciais e financeiros, foi um grande impulsionador do progresso ferroviário no Brasil, mormente no comando da Estrada de Ferro Sorocabana, importante veículo de integração no interior de São Paulo e que iria abrir ao conselheiro oportunidades em outros investimentos, não só no ramo ferroviário, como também na criação de companhias de comércio, bancos e companhias de navegação, como, por exemplo, o antigo Lloyd Brasileiro.



O nome do conselheiro ficou indelevelmente gravado na rota da Sorocabana, tendo uma estação ferroviária sido batizada com o seu nome e, após algum tempo, ali fundado um distrito que também o homenageava: Mairinque, que no ano de 1958 desligou-se de São Roque e adquiriu foros de cidade.

Casado, em 1874, com D. Maria José Paranhos (a D. Maricota), o casal teve quatro filhas. Conselheiro do Império, foi agraciado com a grã-cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul; dignitário da Ordem de Cristo, além de receber a grã-cruz de Vila Viçosa de Portugal. Agraciado com a Legião de Honra da França e grande-oficial da Ordem da Águia Negra da Rússia e, dentre outras diversas condecorações, possuía também o Grande Colar da Ordem da Rosa.

Na República, foi convidado pelo então ministro da fazenda, Rui Barbosa, para organizar e presidir o recém criado Banco dos Estados Unidos do Brasil. Eleito deputado federal, em 1890 chegava a então vila de Nossa Senhora dos Remédios de Caxambu para administrar a empresa que explorava as águas minerais. A concessão foi-lhe passada pela quantia de 800:000$000, adquirindo, também, o Hotel da Empresa, de propriedade de João Carlos Vieira. Mayrink também adquiriu e passou a residir numa chácara onde hoje está localizada a Escola Wenceslau Braz.

Grande benemérito de Caxambu, o conselheiro Mayrink mereceu do Dr. Monat significativas observações em seu livro, consoante os melhoramentos que executou na região, sentenciando que aquilo que o conselheiro fizera em Caxambu em apenas três anos colocaria a estância num lugar que merece entre as mais célebres do gênero, como Vichy, Spa e Carlsbad, atraindo visitantes de todo o Brasil e do exterior.

O conselheiro Mayrink foi um dos que mais veementemente pleitearam a autonomia administrativa de Caxambu, o que, efetivamente, viria a acontecer em 16 de setembro de 1901. Sua influência política era muito grande no cenário nacional, mas mesmo assim foi vítima de ataques contra a forma de administração que empreendia na exploração das águas minerais. Desgostoso, retirou-se da cidade em 1904, retornando ao Rio de Janeiro, aonde faleceu em 1º de janeiro de 1907.

D. Alexina Sá registrou em seu livro – Caxambu de ontem e de hoje – as suas impressões sobre o conselheiro, que conhecera quando menina: “Era uma figura impressionante de homem; usava barbas à José de Alencar, o que lhe dava um aspecto afidalgado e imponente. Digníssimo como homem e chefe de família, esse ilustre homem teve, sem dúvida, uma missão a cumprir na vida e cumpriu-a com felicidade”.



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* Historiador