domingo, 27 de novembro de 2011

HOMENAGEM A ALBERTO CURI

Nasceu em na cidade mineira de Caxambu, filho do comerciante José Kalil Curi e de Maria Curi. Teve sete irmãos, entre eles, o narrador esportivo Jorge Curi e o cantor e compositor Ivon Curi.

Começou no rádio, em 1944, na vaga de seu irmão Jorge, que havia se transferido para o Rio de Janeiro com o intuito de assinar contrato com a Rádio Nacional. Quatorze anos depois, também Alberto se transferiu para a capital federal, contratado como locutor pela mesma emissora. Sete meses depois, transferiu-se para a Rádio Jornal do Brasil, onde ficou por treze anos, de 1959 a 1972. Paralelamente, foi contratado pela Agência Nacional do Governo Federal, pela qual transmitiu cerimônias oficiais importantes realizados no Brasil, especialmente durante o período do regime militar, como a instituição do Ato Institucional Nº 5, irradiada em cadeia nacional de rádio e televisão.

Participou de inúmeros programas de televisão, entre eles Grandes reportagens e Diário de um repórter, crônica diária escrita por David Nasser e apresentada antes do famoso Repórter Esso, e o Programa Flávio Cavalcanti. Foi diretor da Rádio Tupi AM e, aposentado (1993), voltou para sua cidade natal e faleceu em Caxambu, MG. Ouça algumas narrações:


A voz e o dono da voz

Alberto Curi, locutor oficial da Voz do Brasil, decidira aproveitar a sexta-feira 13 para limpar o galinheiro do quintal de sua casa, no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Às 17 horas, um carro da Presidência da República estacionou em frente à residência. "O presidente mandou chamar o senhor", disse o ajudante-de-ordens. "Mas o que está acontecendo?", perguntou Curi. "Não sei, mas o próprio presidente Costa e Silva pediu para levá-lo ao palácio." O locutor tomou banho, fez a barba, pôs terno e gravata e somente depois do asseio dirigiu-se ao Palácio Laranjeiras. Chegou ali ao redor de 18h30. Enquanto esperava, lhe ofereceram bife a cavalo com fritas. O presidente mandou convocá-lo ao gabinete, no andar superior do palácio, apenas às 21h45. Era a primeira vez que o locutor oficial e o chefe de Estado se encontravam pessoalmente. "O senhor parece mais jovem do que na televisão", disse Costa e Silva, habituado a acompanhar Curi pelos anúncios oficiais, na telinha em preto-e-branco, e também pela Voz do Brasil e pela leitura do Diário de um Repórter, de David Nasser, ambos no rádio (Curi, a rigor, servia a dois amos - às 7 e meia da noite dava as notícias do governo para, logo em seguida, aparecer interpretando as violentas críticas de Nasser, um jornalista que se aperfeiçoara em soltar disparos contra o regime militar).

Costa e Silva fez o comentário sobre a boa aparência de Alberto Curi, abriu uma pasta e lhe entregou 18 laudas batidas a máquina, em tipologia maior que a normal, com anotações a lápis nas laterais. Era o Ato no 5. "Presidente, posso me preparar? Gostaria de lê-lo antes", pediu Curi. "Não, senhor, não temos tempo - as câmeras de TV e os microfones das rádios já estão a postos, vamos entrar ao vivo em cadeia nacional." Curi foi imediatamente levado ao Grande Salão de Visitas, no andar térreo do Palácio Laranjeiras. Ali o colocaram atrás de uma mesa de mármore. Às suas costas, pontificava uma tela a óleo de Luís XIV, pintada pelo francês Hyacinthe Rigaud. Eram 10 da noite quando o ministro da Justiça, Luiz Antonio Gama e Silva, chegou à sala e sentou-se ao lado do locutor. O AI-5 seria finalmente anunciado ao país inteiro. Gama e Silva fez uma rápida introdução de 5 minutos e passou a palavra a Alberto Curi. Foram, então, 18 minutos sem um único erro, em tom monocórdio e solene. Sem "boa-noite". À frente da mesa, na outra ponta do salão amparado por colunas de ônix claro, estava o ministério inteiro, em pé - os ministros militares à frente. "Os olhares me fuzilavam, a tensão naquela sala era imensa", disse Curi a Época há um mês, dez dias antes de morrer de infarto, aos 72 anos. Era a primeira vez, em 30 anos, que ele voltava ao Salão de onde o Brasil viu e ouviu o Ato Institucional no 5. "Enquanto lia, tomava conhecimento das medidas - no início, quando estava nos 'considerando', achei normal, sereno. Quando começei a ler o ato propriamente dito, com os 'decido', é que me dei conta do que se anunciava. Mas não podia gaguejar. Ali eu era apenas uma voz com salário mensal de 300 cruzeiros. O dono da voz era o presidente da República."


Narrando Vídeo sobre fórmula 1




Pequeno trecho de sua participação na TVE canal 7 de Caxambu quando voltou a sua cidade