O número de assalto a bancos aumentou 60% em Minas em 2011, em comparação com todo o ano passado. Atraídos pela segurança precária da maioria das agências, principalmente fora da Capital, bandidos fizeram 16 ataques desde janeiro - dez na Região Metropolitana de Belo Horizonte e seis no interior do Estado. Em 2010, foram dez, sendo oito em municípios limítrofes de BH, segundo o Sindicato dos Bancários na cidade e região.Na sexta-feira (9), dois homens roubaram uma agência do Bradesco em São José da Lapa, na Grande BH, e fugiram com R$ 93 mil.
A ação foi possível depois que os ladrões, um deles armado, renderam uma funcionária do banco. A mulher, que trabalha no local há 25 anos, foi amarrada e amordaçada no interior do imóvel. Os criminosos tomaram dela a chave para abrir o caixa eletrônico e levaram todo o dinheiro que estava na máquina.
O episódio ilustra a facilidade que os assaltantes encontram para levantar informações sobre o funcionamento das agências "alvo" e a rotina de quem trabalha nelas. A avaliação é do chefe da Divisão de Crimes contra o Patrimônio da Polícia Civil mineira, delegado Islande Batista.
Segundo ele, a agência invadida ontem não tem sistema de monitoramento de vídeo ou qualquer outro dispositivo de segurança, e a funcionária trabalhava sozinha. Na praça onde fica o banco também não há câmeras de vigilância capazes de ajudar na identificação dos ladrões. A investigação terá como ponto de partida o depoimento da vítima e do gerente do Bradesco de Vespasiano, responsável pelo caixa eletrônico roubado. A bancária também será chamada para tentar reconhecer, em um álbum de suspeitos, quem seriam os criminosos.
O delegado Islande Batista não tem dúvidas de que agências de cidades da RMBH e do interior estão na mira dos assaltantes, devido ao frágil ou inexistente esquema de segurança. "É muito mais fácil para bandidos realizar levantamentos sobre a rotina da família do gerente e de funcionários de um banco em municípios menores. Daí o aumento das ocorrências", diz.
Uma das preocupações é com os crimes no "estilo sapatinho". O jargão policial refere-se à ação de quadrilhas que sequestram e mantêm reféns parentes do gerente ou de outro alto funcionário do banco. Sob ameaça, o bancário vai até o local de trabalho, retira o dinheiro e entrega aos criminosos, que realizam o assalto sem disparar um único tiro. Em seguida, em geral, os prisioneiros são libertados.
O delegado acredita que os ataques no interior serão mais frequentes nos próximos dias, devido à proximidade com o fim de ano. "Os bandidos também estão atrás do 13º salário e vão querer isso sem muito esforço e sem confronto com a polícia", explica. Batista faz um alerta para que funcionários de bancos redobrem os cuidados com a própria segurança, em especial nesta época.
O policial não informou quantas ocorrências estão sob investigação. No entanto, admitiu que qualquer assalto em que a quantia levada ultrapasse 120 salários mínimos (R$ 65.400) passa automaticamente para a responsabilidade dele.
O Hoje em Dia apurou que a Divisão de Crimes contra o Patrimônio da Polícia Civil precisaria de, no mínimo, mais dois terços de delegados e investigadores para dar conta da demanda de trabalho em Minas. Os dados do Sindicato dos Bancários de BH e Região não incluem o roubo acontecido ontem em São José da Lapa, nem a investida contra uma agência em Contagem, também na RMBH, na semana passada.