A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou que vá para consulta pública o a revisão tarifária da Cemig. Se os números da reguladora forem aprovados da forma como foram enviados, os consumidores residenciais terão um aumento de 11,23% nas tarifas a partir de 8 de abril.
O processo de revisão tarifário é feito de quatro em quatro anos e leva em consideração os investimentos feitos pela empresa e o custo que ela teve no período. Diferentemente do reajuste, que é feito anualmente, esse processo leva os índices para apreciação da sociedade antes da vigência do novo percentual.
A Aneel prevê que o aumento médio a ser aplicado pela empresa seja de 6,36% para todos os consumidores atendidos pela companhia. Ao todo, 96% do Estado de Minas Gerais são atendidos pela empresa, que é dona do maior grupo de distribuição do país. Para alta tensão, ou seja, para indústrias, haveria uma queda no preço da energia de 2,5%.
Com a aprovação da consulta pública, significa que 31 de janeiro a 1º de março os consumidores poderão fazer sugestões para alterar esses números. Após esse processo, a Aneel fará considerações sobre os números preliminares e determinará o valor final para revisão da tarifa.
DESCONTO
Como o reajuste ocorre após a redução das tarifas --que beneficiou todo o Brasil por meio da renovação das concessões do setor elétrico, do corte de encargos e do aporte do governo de R$ 8,5 bilhões neste ano de 2012 - os consumidores mineiros terão de arcar com nova alteração dos preços da energia.
Desde 24 de janeiro, todos os consumidores brasileiros receberam desconto mínimo de 18% em seu consumo de energia. Para os clientes da Cemig, esse desconto foi de 18,14%. Significa que, do dia 24 de janeiro até o dia 8 de abril valerá apenas o desconto sobre a tarifa. Quando o aumento vier, a partir da decisão da Aneel, haverá um impacto nesse percentual.
Conforme as regras atuais, o desconto deixa de ser 18,14% e passa para 8,95%, ou seja, minimizando o impacto da medida do governo.
EMPRESA
Para o diretor de finanças e relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, os números ainda são preliminares, portanto, ainda pode "ocorrer uma mudança radical" desses indicadores. "Essa é uma etapa que está sendo cumprida e naturalmente traz uma incerteza junto grande sobre efetivo reajuste que vai acontecer", disse.
Segundo ele, o aumento para o consumidor se deve em maior medida ao uso das térmicas, ou seja, da geração de energia por usinas que queimam carvão ou óleo combustível, por exemplo, e que custam mais caro. "Na realidade estamos passando para o consumidor um ganho de eficiência muito grande. Nós reduzimos o custo médio de capital, trazendo 25% de ganho para o consumidor, mas os números que estão sendo divulgados dependem de fatores conjunturais, como o preço da energia", afirmou. "Do despacho das térmicas, com certeza".
A Cemig vai inclusive captar recursos no mercado para fazer frente a essa despesa. "Estamos fazendo emissão de debêntures agora, estamos no meio desse processo. Provavelmente vamos concluir em fevereiro", assegurou. A captação de recursos da Cemig no mercado será de R$ 1,6 bilhões.