Levadas ao Madrid Fusión, principal congresso de gastronomia
no mundo,
águas mineiras querem conquistar de vez o mercado externo
Ao lado de ingredientes tipicamente mineiros afamados, como
o queijo e o café, um outro produto local é a aposta dos especialistas para
chamar atenção do público gourmet nos próximos anos: a água.
Obviamente, não se trata de algo completamente novo, já que no século XX as
opções produzidas em Minas chegaram a ser premiadas no exterior, mas acabaram
sendo preteridas por outras bebidas. No entanto, em tempos em que há uma
procura maior por defender a regionalidade, elas voltaram a se destacar. A
diferença é que, agora, busca-se seguir a linha do mercado europeu, onde já
existem restaurantes com carta de águas, ressaltando as nuances de cada uma.
Mas, afinal, água não é tudo igual? "Para ser classificada como água
mineral, todas precisam ter uma série de substâncias, como bicarbonato, cálcio,
magnésio, potássio, sódio. A combinação entre os teores desses itens é infinita
e dá resultados diferentes. É como vinho: todos são feitos de uva, mas cada um
tem características próprias da região", explica o
superintendente-executivo da Águas Minerais de Minas, Eduardo Raso.
As marcas Cambuquira e Caxambu encabeçam o movimento e foram levadas pelo
governo do Estado inclusive para a última edição do Madrid Fusión, principal
congresso gastronômico do mundo que aconteceu na última semana e homenageou
Minas. Segundo o superintendente de Comunicação Institucional da Copasa,
Henrique Bandeira, os espanhóis teriam se impressionado com a ausência de
gostos fortes na bebida, algo que costuma aparecer nas águas daquele país.
"Enquanto a europeia é mais mineralizada, as nossas são suaves e
harmônicas, elegantes e finas. Só em uma pequena área da Serra da Mantiqueira,
temos 12 fontes com águas completamente diferentes, absorvendo um sabor e uma
mineralização em função do trecho do subsolo, tempo de subsolo", defende
Raso.
Outro fator que pode ajudar a ascensão do produto é a gaseificação natural, que
ocorre na Caxambu, por exemplo. "São poucas no mundo do tipo. Graças a essa
gaseificação, a harmonização desse gás na boca é mais suave, porque a dispersão
ocorre de forma mais ou menos igual, enquanto no processo de gaseificação
artificial, não. Esse se assemelha mais a um refrigerante. Vale lembrar que o
gás natural abre o palato e facilita que a pessoa perceba os gostos de um
prato, por exemplo", explica Henrique.
A Caxambu recebe, ainda, a classificação de água neutra, o que incentivaria sua
função de "limpeza" do palato, ideal, portanto, nas refeições longas,
com várias receitas. "Claro que, para conseguir todos esses detalhes,
também é preciso que a água esteja na temperatura ideal, que varia de 12 a 17 ºC, e na taça padrão.
Se for um água gasosa, por exemplo, o recipiente precisa ser mais aberto para
que as bolhas interajam com a atmosfera", pontua Henrique.
Com o trabalho de levar tais especificações aos chefs da cidade, a ideia, ele
explica, é alavancar a produção, sobretudo, da Cambuquira em 2013, já que ela
voltou a ser envasada no último ano, após ficar quase uma década fora do
mercado, e ainda não alcançou seu limite de produção. Segundo Raso, a
capacidade total é 2.000 litros/hora, mas, por enquanto, produz, em média,
1.200 litros/hora.
Fonte: Jornal O Tempo