TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA - TCAP
Quando
os episódios de compulsão alimentar ocorrem numa freqüência de dois dias por
semana, por no mínimo 6 meses, associados a perda de controle de alguma maneira
e não são seguidos de tentativas de compensação e perda de peso, trata-se de
uma síndrome denominada Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA). Este
transtorno foi descrito pela primeira vez nos anos 1950. No entanto, foi apenas
nos anos 1990 que este problema teve seu potencial patológico reconhecido, e
sua caracterização colocada em pauta de estudos.
Trata-se
da ingestão demasiada de alimentos, quaisquer que sejam eles, em um período
determinado de tempo (estimado em 2 horas). Os episódios são acompanhados pela
sensação de perda de controle do que foi ingerido e sua quantidade, sentimento
de alívio, mas que não traz prazer. O indivíduo percebe que o que faz não tem
sentido algum, mas mesmo assim, por ser uma compulsão, os episódios são
recorrentes e contínuos. A compulsão alimentar traz sentimentos de angústia,
vergonha, nojo e culpa.
É
importante citar que a ingestão demasiada de alimentos não é seguida por
tentativas de perda de peso e compensação do que foi ingerido, diferenciando o
compulsivo alimentar do bulímico nervoso. Normalmente, os portadores de TCAP
têm IMC maior do que os com BN (Bulimia Nervosa), além disso, estes últimos
apresentam maiores níveis de restrições calóricas. Os pacientes com TCAP podem
ser obesos ou não. São aqueles indivíduos que tentaram diversas dietas e que
fracassaram e desistiram. Desta forma, apresentam grande flutuação de peso.
Possuem auto-estima baixa e preocupam-se com a forma física e o peso em maior
intensidade do que aqueles que não possuem o distúrbio.
A
ansiedade e estresse são os principais fatores que levam ao aumento das
compulsões alimentares. Aumentam a secreção de cortisol, que estimula a
ingestão de alimentos e o aumento de peso.
O
tratamento nutricional tem como principal objetivo reverter as alterações do
estado nutricional provocadas pela compulsão alimentar e promover hábitos
alimentares mais saudáveis. Desta forma o paciente aprenderia a forma correta e
saudável de perder peso, se alimentar bem, sem que haja inadequações de
consumo, no caso, a ingestão excessiva e nada saudável de alimentos. O diário
alimentar é muito utilizado no tratamento nutricional da compulsão alimentar
periódica, pois é neste local que o paciente registra os alimentos ingeridos,
principalmente os alimentos dos episódios de compulsão. É importante anotar o
sentimento do paciente no momento do episódio e se existia fome naquela hora. É
um exercício que, aos poucos, gera controle e disciplina ao paciente. No
entanto, pode levar a um ato de punição pelo próprio paciente, pois ele percebe
o “erro” que cometeu.
Como,
normalmente, o portador deste distúrbio apresenta peso acima do normal, o
tratamento também consiste em dieta prescrita com o objetivo de perda de peso,
aumentando, assim, a auto-estima do paciente o que ajuda no tratamento no
distúrbio. Alguns profissionais da área de nutrição indicam certas maneiras de
contornar e aliviar os efeitos nutricionais negativos que este transtorno pode
trazer ao paciente:
- Fracionar
a dieta o máximo, prestando sempre atenção na quantidade a ser ingerida. O
paciente comerá muitas vezes ao dia, e isso lhe dará a sensação que está
comendo muito;
- No
início do tratamento, estes alimentos a serem ingeridos devem ter baixo
teor calórico, pois o paciente ainda não tem seu limite sob controle, e
pode exagerar na quantidade sem exceder a recomendação calórica (ex:
ingerir um melão inteiro);
- Estar
a par de alimentos vendidos em embalagens individuais e indicá-los. Assim,
o paciente irá comer um pacote inteiro, e terá a impressão de que comeu
muito. No entanto, terá ingerido bem menos do que costumava ao ingerir uma
embalagem de tamanho normal.
- Propiciar
encontros freqüentes com o paciente. Desta maneira, o controle da situação
será mais garantido, e o nutricionista irá sempre mostrar ao paciente
aquilo que está sendo feito e que pode ser melhorado.
O
nutricionista deve ter um olhar crítico, pois muitas vezes o paciente não
percebe o problema que tem, ou mesmo não o assume. Cuidados neste sentido devem
ser tomados, como prestar atenção se o paciente continua a ganhar peso, mesmo
com tratamento nutricional e buscar a sua causa.
Por
se tratar de uma compulsão, onde o psicológico exerce grande papel, o
tratamento do paciente deve ser de âmbito interdisciplinar, com grande
interação entre o nutricionista, médico e o psicólogo.
É uma
síndrome com características conflitantes e incertas, e são necessários mais
estudos para maiores informações deste distúrbio tão presente em nossa
população.
Contato, dúvidas ou sugestões: Dra. Nathália P. Sab - NutricionistaConsultório: Praça Nossa Senhora de Montserrat, 3 / Baependi – Minas Gerais
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