Pelos caminhos
de Caxambu
Estou
finalizando a redação de meu novo livro – “Pelos caminhos de Caxambu, uma
história dos personagens que deram nome às ruas da cidade” – e, após mais de um
ano trabalhando na obra, algumas anotações são pertinentes pelas pesquisas que
realizei e não seria justo deixá-las apenas para o julgamento do autor, sem que
outras pessoas disso tomassem conhecimento.
O
auxílio que me foi emprestado por alguns setores da cidade devem ser relevados:
pela direção da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, através de seu titular,
o padre Noel Vitor Gonzaga; pelo administrador do cemitério municipal, Edilson
José Monteiro; pela direção do Centro de Documentação da Câmara Municipal, através
da Sra. Lilian Fernandes, além de cidadãos conscientes da importância de se
recuperar a memória daqueles que verdadeiramente fizeram a história de Caxambu
e aqui ressalto os nomes de Isaac Rozental, Naif Rafael, Antônio Arnaut, Rafael
Filho e José Perez Gonzalez, o “Pepe”.
De
igual sorte, relevo o meu agradecimento ao caro amigo Sérgio Flávio, que atua
comigo no Conselho Municipal do Museu de Caxambu, e que me auxiliou
sobremaneira na localização de um e de outro parente que poderiam dar
informações sobre seus antepassados objeto de homenagem em nossos logradouros
públicos.
Contudo,
confesso que no início das pesquisas fiquei receoso de que pouco ou quase nada
conseguiria, levando-se em conta uma experiência que já tivera em outra ocasião
e por conta de outra pesquisa. No entanto, qual não foi a minha surpresa –
agradável surpresa, diga-se a bem da verdade – ao constatar o entusiasmo da
gente caxambuense em ver retratado em livro a história de seus antepassados, entender
o porquê de a municipalidade ter legado aqueles nomes a logradouros públicos da
cidade.
Aos
poucos fui agregando ao universo dessa obra outras homenagens que considerei
significativas serem trazidas à luz. Ainda que não estejam consagradas em nomes
de ruas, são personalidades imortalizadas em praças, escolas, unidades de saúde
etc., e que devem ser, de igual forma, reverenciadas pela contribuição que
deram à cidade e ao seu povo.
Assim,
aguardando agora a edição da obra, e ainda que ali tenha consignado um
agradecimento especial aos familiares dos muito ali retratados, tenho o dever,
também, de mencionar que a inspiração de escrever sobre os personagens das ruas
de Caxambu deve-se em muito às minhas publicações hebdomadárias neste
conceituado Noticiarama, que me
acolhe há quatro anos.
Na busca
da recuperação da história, o resgate da história oral é um
instrumento inquestionável para a formação da memória de um povo, de uma nação
e, em nosso caso, da história de Caxambu e dos personagens que deram nome às
suas ruas. Ao longo de anos de lutas e vitórias, deram eles a
mais cabal demonstração de amor à cidade onde nasceram muitos e que, também, a
tantos outros acolheu.
Portanto, nessa
obra buscou-se pretensiosamente reescrever a
História de Caxambu através de seus personagens, muitos deles pouco conhecidos
da população, mas que, de uma forma ou de outra, foram participantes ativos no
processo de desenvolvimento da cidade.
Pouco
antes de falecer, o consagrado historiador inglês Eric Hobsbawn, em entrevista
à Folha
de S. Paulo, vaticinou que
“o valor dos historiadores está em
lembrar o que os outros esqueceram, lutando contra uma das piores pragas que
caracterizaram o século XX: a destruição do passado”. Esta é uma verdade que conferimos
constantemente, através da tentativa de se resgatar antigas tradições, reais ou
imaginárias, para construir um sentido de solidariedade coletiva, ainda que
muitas vezes desajeitadas e sem a participação popular.
Desta forma, surge uma outra interpretação do
momento, alimentada pelo inconsciente coletivo, haja vista que a memória
nacional é o resultado do trabalho de grupos e pessoas, que deram de si para a
grandeza de um país, de um estado ou de uma cidade, ou, ainda, do próprio
bairro em que viveu e criou suas raízes.
Por
isto mesmo merecem todo nosso reconhecimento e aplauso.
