terça-feira, 6 de agosto de 2013

COLUNA


Pelos caminhos de Caxambu

Estou finalizando a redação de meu novo livro – “Pelos caminhos de Caxambu, uma história dos personagens que deram nome às ruas da cidade” – e, após mais de um ano trabalhando na obra, algumas anotações são pertinentes pelas pesquisas que realizei e não seria justo deixá-las apenas para o julgamento do autor, sem que outras pessoas disso tomassem conhecimento.
O auxílio que me foi emprestado por alguns setores da cidade devem ser relevados: pela direção da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, através de seu titular, o padre Noel Vitor Gonzaga; pelo administrador do cemitério municipal, Edilson José Monteiro; pela direção do Centro de Documentação da Câmara Municipal, através da Sra. Lilian Fernandes, além de cidadãos conscientes da importância de se recuperar a memória daqueles que verdadeiramente fizeram a história de Caxambu e aqui ressalto os nomes de Isaac Rozental, Naif Rafael, Antônio Arnaut, Rafael Filho e José Perez Gonzalez, o “Pepe”.
De igual sorte, relevo o meu agradecimento ao caro amigo Sérgio Flávio, que atua comigo no Conselho Municipal do Museu de Caxambu, e que me auxiliou sobremaneira na localização de um e de outro parente que poderiam dar informações sobre seus antepassados objeto de homenagem em nossos logradouros públicos.
Contudo, confesso que no início das pesquisas fiquei receoso de que pouco ou quase nada conseguiria, levando-se em conta uma experiência que já tivera em outra ocasião e por conta de outra pesquisa. No entanto, qual não foi a minha surpresa – agradável surpresa, diga-se a bem da verdade – ao constatar o entusiasmo da gente caxambuense em ver retratado em livro a história de seus antepassados, entender o porquê de a municipalidade ter legado aqueles nomes a logradouros públicos da cidade.
Aos poucos fui agregando ao universo dessa obra outras homenagens que considerei significativas serem trazidas à luz. Ainda que não estejam consagradas em nomes de ruas, são personalidades imortalizadas em praças, escolas, unidades de saúde etc., e que devem ser, de igual forma, reverenciadas pela contribuição que deram à cidade e ao seu povo.
Assim, aguardando agora a edição da obra, e ainda que ali tenha consignado um agradecimento especial aos familiares dos muito ali retratados, tenho o dever, também, de mencionar que a inspiração de escrever sobre os personagens das ruas de Caxambu deve-se em muito às minhas publicações hebdomadárias neste conceituado Noticiarama, que me acolhe há quatro anos.
Na busca da recuperação da história, o resgate da história oral é um instrumento inquestionável para a formação da memória de um povo, de uma nação e, em nosso caso, da história de Caxambu e dos personagens que deram nome às suas ruas. Ao longo de anos de lutas e vitórias, deram eles a mais cabal demonstração de amor à cidade onde nasceram muitos e que, também, a tantos outros acolheu.     
Portanto, nessa obra buscou-se pretensiosamente reescrever a História de Caxambu através de seus personagens, muitos deles pouco conhecidos da população, mas que, de uma forma ou de outra, foram participantes ativos no processo de desenvolvimento da cidade.
Pouco antes de falecer, o consagrado historiador inglês Eric Hobsbawn, em entrevista à Folha de S. Paulo, vaticinou que “o valor dos historiadores está em lembrar o que os outros esqueceram, lutando contra uma das piores pragas que caracterizaram o século XX: a destruição do passado”. Esta é uma verdade que conferimos constantemente, através da tentativa de se resgatar antigas tradições, reais ou imaginárias, para construir um sentido de solidariedade coletiva, ainda que muitas vezes desajeitadas e sem a participação popular.
Desta forma, surge uma outra interpretação do momento, alimentada pelo inconsciente coletivo, haja vista que a memória nacional é o resultado do trabalho de grupos e pessoas, que deram de si para a grandeza de um país, de um estado ou de uma cidade, ou, ainda, do próprio bairro em que viveu e criou suas raízes.
Por isto mesmo merecem todo nosso reconhecimento e aplauso.