terça-feira, 22 de abril de 2014

COLUNA


Águas premiadas

- Depois da descoberta das fontes, com as notícias de curas e das visitas ilustres que tivemos por aqui, o governo do Império enviou diversos pesquisadores, em várias oportunidades, para atestar o valor medicinal das águas minerais. E aqui estiveram expressivos cientistas que produziram laudos e mais laudos sobre a propriedade das nossas águas. Aliás, diga-se de passagem, eles também estiveram em outras estâncias hidrominerais, como Poços de Caldas, Lambari, Cambuquira e Araxá.
- E, meu caro Bengo, esses homens chegaram a que conclusão?
- Chegaram somente a uma: que as águas eram realmente curativas! Não só cientistas brasileiros, como também cientistas estrangeiros, forneceram laudos sobre suas propriedades terapêuticas, e foram responsáveis por congressos para as mais exigentes plateias do Rio de Janeiro e de São Paulo.     
- Parece que o primeiro deles foi o Dr. Barboza da Veiga, que apresentou um relatório no dia 4 de dezembro de 1868, depois de ter examinado a fonte de água férrea sulfurosa, dizendo, inclusive, que a fonte deveria conservar o seu estado primitivo, pois qualquer melhoramento poderia deteriorá-la.
- Depois veio, em 1873, uma comissão designada pelo governo do Império para analisar as águas, resultando relatório em 1874 que atestou sua capacidade curativa. Tal comissão era integrada por pesquisadores de alto gabarito, integrantes da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro: Ezequiel Correia dos Santos, Agostinho José de Souza Lima e José Borges Ribeiro da Costa.
- Em 1888 o professor Dr. Agostinho José de Souza Lima apresentou o seu laudo sobre as propriedades das águas minerais de Caxambu, atendendo a uma determinação do governo imperial. Constatou a cura em alguns casos e disse que Caxambu deveria ter modernas aparelhagens, com instalações hidroterápicas e de massagens, banhos de ácido carbônico, e inalações simples e de oxigênio, da mesma forma que recomendara para a estância hidromineral de Poços de Caldas.
- Depois de proclamada a República, também seriam enviados técnicos do mais alto nível para atestarem as propriedades das águas minerais. Em 1892 chegava a Caxambu uma comissão de químicos e clínicos indicados pela Academia Nacional de Medicina, da qual faziam parte João Batista Lacerda, César Diogo, Borges da Costa, Joaquim Pinto Portela e Francisco de Castro.


O Dr. César Diogo (sentado à mesa) trabalhando no laboratório dentro do hidroterápico.

- E, de tanto que se falou das águas, de tanto que se pesquisou e concluiu-se sobre suas propriedades medicinais, as mesmas passaram a receber premiações nacionais e internacionais. No ano de 1892, quando aqui esteve a comissão de químicos, as águas minerais de Caxambu receberam prêmio na Exposição Internacional de Chicago, nos Estados Unidos!
- No Brasil, isso aconteceria logo adiante, em 1894, quando foi inaugurada a Exposição Mineira e Metalúrgica em Ouro Preto, ocasião em que foram expostas pela primeira vez as garrafas com água mineral de Caxambu.
- Voltamos ao exterior: em 1903 as águas ganharam medalha de ouro na V Exposição Internacional de Roma. Em 1904 receberam prêmio em Saint Louis, nos Estados Unidos. Em 1908 foram premiadas na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, por ocasião do Centenário da Abertura dos Portos.
- Uma significativa honraria veio em 1910, quando a Empresa das Águas Minerais recebeu diploma de honra na “Exposition Universelle de Bruxelles”, pelas águas da Fonte Intermitente (atual fonte Beleza). A estátua da Ninfa existente próxima à entrada do balneário foi doada ao parque na mesma época e pelos mesmos motivos de premiação.
- Era prêmio atrás de prêmio, meus amigos! No ano de 1911 recebemos um na Exposição Internacional de Turim, na Itália.
- E por que hoje as coisas são tão diferentes, meu caro Bengo?
- São diferentes porque nós queremos que sejam, pois só depende do povo de Caxambu, de suas autoridades, fazerem com que sejamos novamente respeitados no mundo inteiro pelas águas minerais que temos. Elas estão aí como sempre estiveram!
- Então, meus caros amigos, como ninguém é de ferro, vamos ao parque beber uma água fresquinha da fonte D. Pedro!

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Obs.: A foto do Dr. César Diogo é da Revista Fon-Fon!, de 1923.