Águas premiadas
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Depois da descoberta das fontes, com as notícias de curas e das visitas
ilustres que tivemos por aqui, o governo do Império enviou diversos
pesquisadores, em várias oportunidades, para atestar o valor medicinal das
águas minerais. E aqui estiveram expressivos cientistas que produziram laudos e
mais laudos sobre a propriedade das nossas águas. Aliás, diga-se de passagem,
eles também estiveram em outras estâncias hidrominerais, como Poços de Caldas,
Lambari, Cambuquira e Araxá.
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E, meu caro Bengo, esses homens chegaram a que conclusão?
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Chegaram somente a uma: que as águas eram realmente curativas! Não só cientistas
brasileiros, como também cientistas estrangeiros, forneceram laudos sobre suas
propriedades terapêuticas, e foram responsáveis por congressos para as mais
exigentes plateias do Rio de Janeiro e de São Paulo.
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Parece que o primeiro deles foi o Dr. Barboza da Veiga, que apresentou um
relatório no dia 4 de dezembro de 1868, depois de ter examinado a fonte de água
férrea sulfurosa, dizendo, inclusive, que a fonte deveria conservar o seu
estado primitivo, pois qualquer melhoramento poderia deteriorá-la.
- Depois veio,
em 1873, uma comissão designada pelo governo do Império para analisar as águas,
resultando relatório em 1874 que atestou sua capacidade curativa. Tal comissão
era integrada por pesquisadores de alto gabarito, integrantes da Academia
Imperial de Medicina do Rio de Janeiro: Ezequiel Correia dos Santos, Agostinho
José de Souza Lima e José Borges Ribeiro da Costa.
- Em 1888 o
professor Dr. Agostinho José de Souza Lima apresentou o seu laudo sobre as
propriedades das águas minerais de Caxambu, atendendo a uma determinação do
governo imperial. Constatou a cura em alguns casos e disse que Caxambu deveria
ter modernas aparelhagens, com instalações hidroterápicas e de massagens,
banhos de ácido carbônico, e inalações simples e de oxigênio, da mesma forma
que recomendara para a estância hidromineral de Poços de Caldas.
- Depois de
proclamada a República, também seriam enviados técnicos do mais alto nível para
atestarem as propriedades das águas minerais. Em 1892 chegava a Caxambu uma comissão de químicos e clínicos
indicados pela Academia Nacional de Medicina, da qual faziam parte João Batista
Lacerda, César Diogo, Borges da Costa, Joaquim Pinto Portela e Francisco de
Castro.
O Dr. César Diogo (sentado à mesa) trabalhando
no laboratório dentro do hidroterápico.
- E, de tanto
que se falou das águas, de tanto que se pesquisou e concluiu-se sobre suas
propriedades medicinais, as mesmas passaram a receber premiações nacionais e
internacionais. No ano de 1892, quando aqui esteve a comissão de químicos, as águas minerais de Caxambu receberam prêmio na
Exposição Internacional de Chicago, nos Estados Unidos!
- No Brasil,
isso aconteceria logo adiante, em 1894, quando foi inaugurada a Exposição
Mineira e Metalúrgica em Ouro Preto, ocasião em que foram expostas pela
primeira vez as garrafas com água mineral de Caxambu.
- Voltamos ao
exterior: em 1903 as águas ganharam medalha de ouro na V Exposição
Internacional de Roma. Em 1904 receberam prêmio em Saint Louis, nos Estados
Unidos. Em 1908 foram premiadas na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, por
ocasião do Centenário da Abertura dos Portos.
- Uma
significativa honraria veio em 1910, quando a Empresa das Águas Minerais recebeu
diploma de honra na “Exposition Universelle de Bruxelles”, pelas águas da Fonte
Intermitente (atual fonte Beleza). A estátua da Ninfa existente próxima à
entrada do balneário foi doada ao parque na mesma época e pelos mesmos motivos
de premiação.
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Era prêmio atrás de prêmio, meus amigos! No ano de 1911 recebemos um na
Exposição Internacional de Turim, na Itália.
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E por que hoje as coisas são tão diferentes, meu caro Bengo?
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São diferentes porque nós queremos que sejam, pois só depende do povo de
Caxambu, de suas autoridades, fazerem com que sejamos novamente respeitados no
mundo inteiro pelas águas minerais que temos. Elas estão aí como sempre
estiveram!
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Então, meus caros amigos, como ninguém é de ferro, vamos ao parque beber uma
água fresquinha da fonte D. Pedro!
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Obs.:
A foto do Dr. César Diogo é da Revista Fon-Fon!, de 1923.