sexta-feira, 4 de abril de 2014

COLUNA


DETOX

A medicina alternativa populariza-se cada vez mais no cotidiano da população. Termos usados pela medicina convencional passam a ter outro significado, como por exemplo, a palavra “detox”. “Detox” é um termo utilizado para o processo de desintoxicação de dependentes químicos. Na medicina alternativa este termo remete à eliminação de “toxinas” do organismo em prol de um estilo de vida saudável.
A desintoxicação é considerada extremamente importante na medicina complementar e é normalmente obtida através de um programa de limpeza do fígado e do intestino. Muitos naturopatas consideram o trato gastrointestinal e o fígado, barreiras de defesas primárias que protegem o indivíduo de toxinas reativas e organismos de infecção. Esses profissionais acreditam que o mau funcionamento desses órgãos tenha influência direta na carga tóxica, afetando os sistemas nervoso e imunológico, e produzindo reações inflamatórias e disfunção neurológica.
Porém, é importante ressaltar que, além do fígado e do intestino, o corpo humano possui outros órgãos para a eliminação de toxinas e substâncias tóxicas. Por isso, apesar do mau funcionamento do fígado ou intestino poder gerar sérios problemas à saúde, na ausência de uma doença grave, a desintoxicação alternativa (DA) é supérflua. Supostamente, os sintomas que deveriam alertar o médico para a necessidade de uma desintoxicação seriam: lesões de pele, erupções cutâneas, oleosidade, halitose, alterações do paladar, letargia, disfunção cognitiva, dores musculares e dores em geral, hiper-reatividde à suplementos, história de uso de drogas ou exposição a substâncias químicas ambientais. No entanto, todos esses sinais e sintomas são não específicos e ocorrem na maioria das doenças.
Ainda não estão claro quantos deles precisam estar presentes ou quais são obrigatórios para a desintoxicação tornar-se necessária. Se apenas um ou dois fossem suficientes, quase todos os pacientes que já passaram em consulta médica deveriam ter sido desintoxicados. Essa é uma justificativa para que os defensores dessa prática alternativa indiquem seus tratamentos para praticamente todas as pessoas. A razão mais importante, porém, talvez seja o fato de que quanto maior o número de pacientes, maior a renda.
Os tratamentos utilizados na DA são extremamente amplos e diversificados e incluem várias dietas alternativas, uma série de ervas, vitaminas, minerais e outros suplementos “naturais”, várias formas de terapia de quelação, dispositivos eletromagnéticos, irrigação do cólon, sauna e outros meios que induzem ampla sudorese, remédios homeopáticos, entre outros, e podem ser administrados por um período de dias ou semanas. Alguns destes tratamentos são oferecidos a altos custos ou por organizações com reputação discutível.
Ainda não há nenhuma evidência clínica que prove a eficácia desses tratamentos. Enquanto há centenas de ensaios clínicos randomizados sobre desintoxicação em dependentes de drogas e álcool, não existem sobre desintoxicação com foco em toxinas ambientais ou endógenas. Os estudos publicados sobre o assunto não possuem qualidade metodológica e são inconclusivos. Enquanto existe uma total ausência de evidência sólida para os benefícios divulgados, alguns tratamentos têm sido associados com desnutrição, devido às dietas, hepatotoxicidade, graças ao abuso de suplementos e perfuração do cólon, por conta da irrigação de cólon.
Uma pesquisa recente sugere que 92% dos norte-americanos naturopatas usam de alguma forma da DA. Para os leigos, os princípios propagados parecem fazer sentido graças ao desejo de “purificar” a si mesmo. Aproveitando-se disso, os empresários são capazes de explorar um público crédulo.
Portanto, deve-se ficar atento. A desintoxicação alternativa não é biologicamente plausível, nem clinicamente comprovada e não é indicada a todos os pacientes indiscriminadamente.

Fonte
Artigo: Alternative detox.
Revista: British Medical Mulletin
Ano: 2012
Autores: Ernst E.


Contato, dúvidas ou sugestões: Dra. Nathália P. Sab – Nutricionista
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