De acordo com o Ministério da Defesa, atualmente, pouco mais
de 22 mil mulheres fazem parte do efetivo das Forças Armadas Brasileiras. E
esse número deve aumentar, já que a lei sancionada pela presidente Dilma
Roussef em 2012 permite que mulheres operem em áreas antes restritas somente
aos homens. “É muito bom verificar que as mulheres estão cada vez mais
ingressando na carreira militar. Digo isso até como mulher, pois sei como temos
competência e responsabilidade para atuar profissionalmente em qualquer área”,
comenta Maria Alice S.V. Ferreira, proprietária da Price, empresa sediada em
Três Corações, sul de Minas Gerais, e que confecciona coturnos e botinas
militares.
A principal mudança com a lei 12.705/12 é que as mulheres
não ficam mais restritas aos setores administrativos das Forças Armadas. Na
linha de frente, elas passam por treinamentos e trabalhos iguais aos dos
homens, sem distinção, inclusive, dos uniformes. Indagada sobre a parte de
calçamento, Ferreira enfatiza que, até o momento, não houve mudanças também.
“As mulheres usam os mesmos coturnos e fardas dos homens e não há nada que
indique que isso possa vir a mudar. Afinal, estamos vivendo a era das
igualdades, e não seria correto uniforme diferenciado”.
A Aeronáutica é a instituição que possui o maior número de
militares do sexo feminino: cerca de 10 mil. Já a Marinha, a primeira das três
Forças a aceitar o ingresso de mulheres, possui um efetivo de quase seis mil
mulheres. O Exército conta com 6.700 mulheres em seu quadro.
A história da mulher nas Forças Armadas remonta ao século
19, mais precisamente em 1823: Maria Quitéria de Jesus Medeiros integrou o
Batalhão dos Periquitos por ocasião da luta pela independência da Bahia.
Historiadores diziam que “era inteligente e muito feminina, mesmo quando vestia
o uniforme de seu batalhão”. Depois de pouco mais de 100 anos, o Brasil teria
novamente uma mulher nas Forças Armadas. Em 1932, Ana Vieira da Silva lutou
clandestinamente na Revolução Constitucionalista, em São Paulo. Quando o Brasil
resolveu entrar na II Guerra Mundial, em 1944, recrutou 67 moças para servir
como enfermeiras nos hospitais de campanha, na Itália. Depois disso, foi só uma
questão de tempo para que as mulheres, efetivamente, fizessem parte das Forças
Armadas Brasileiras. E com coturnos iguais, é claro.
Eliana Sonja - Sakey Comunicação