sexta-feira, 29 de agosto de 2014

COLUNA


SÓDIO OU SAL: O QUE OS RÓTULOS DE ALIMENTOS DEVEM USAR?

O FDA (Food and Drug Administration) está em discussão com outros órgãos de saúde mundiais no intuito de padronizar o uso de “sódio” nos rótulos de alimentos, ao invés de “sal”.
A delegação dos Estados Unidos para o Comitê do Codex Alimentarius já busca esta padronização internacional dos termos e se opõe fortemente à remoção do "sódio" da lista de nutrientes que requerem divulgação e defendem que o “sódio” é nutriente, e não o sal. Do outro lado, a União Europeia (UE) e os seus aliados preferem "sal", argumentando que o termo é mais bem compreendido pelos consumidores.
Os Estados Unidos dizem que sódio e sal são coisas distintas e a não padronização do termo a ser utilizado pelas indústrias de alimentos pode levar à confusão dos consumidores. No entanto, na Europa, os responsáveis pelos órgãos de saúde se referem à tentativa de padronização como desnecessária, já que se os consumidores de um país compreenderiam um determinado termo, enquanto que em outro não, termos padronizados somente tornariam confusas as mensagens existentes de saúde pública. A União Européia diz, ainda, que rótulos internacionalmente padronizados podem ser úteis para os fabricantes multinacionais de alimentos, no entanto, não é quem eles se destinam a servir.
Parte da controvérsia gira em torno do fato de que o nutriente sódio não é sal e de que o sódio também está presente em outros ingredientes alimentares, como por exemplo o bicarbonato de sódio e o fermento em pó. Embora isto seja verdade, a grande maioria do sódio que consumimos é proveniente do sal. O termo sódio pode ser bem compreendido pelos consumidores norte-americanos, mas se os fabricantes de alimentos mudarem de “sal” para “sódio” na UE, talvez mesmo os europeus mais preocupados com a saúde seriam incapazes de controlar sua ingestão diária máxima recomendada, o que seria extremamente contraproducente frente às campanhas atuais com resultados positivos na diminuição do consumo de sal/sódio pela população, como é o caso da Campanha do Reino Unido: “Coma não mais que 6g de Sal por Dia” (cerca de 2.400mg de sódio), juntamente com a indústria de alimentos, que tem visto grande sucesso; o consumo médio atual de sal por dia é de 8.6g, enquanto que há uma década atrás, esta média era de 9,5g.
Os Estados Unidos defendem que, para aqueles com o objetivo de reduzir o consumo de sal, os governos europeus poderiam gastar tempo e dinheiro na reeducação da população, na tentativa de explicar que, na verdade, o nutriente é o sódio. No entanto, para a União Européia, isso parece um desperdício enorme de recursos.
Mesmo dentro dos Estados Unidos, as recomendações padronizadas de sódio parecem ser ilusórias. As diretrizes dietéticas para americanos recomendam uma dose diária máxima de 2.300 mg de sódio para aqueles sem fatores de risco hipertensão (1.500 mg para pessoas em risco), enquanto o rótulo dos alimentos apresentam Valores Diários com base em um máximo de 2.400 mg. Enquanto isso, a American Heart Association recomenda que todas as pessoas devem consumir, no máximo, 1500mg de sódio por dia.
A União Europeia, talvez mais acostumada às dificuldades inerentes de se encontrar uma solução única para todos os problemas de rotulagem, adotou uma abordagem mais conciliadora para a próxima reunião do Codex Alimentarius. 
Em uma carta detalhando a sua posição relativa à rotulagem nutricional, a delegação da UE para o Codex disse que apoia a declaração de sódio expresso em sal nos rótulos nutricionais, mas acrescentou que, caso não seja possível alcançar consenso, a decisão deve ser deixada aos países individuais. "A UE acredita que é importante que a terminologia da rotulagem nutricional seja coerente com as mensagens de saúde pública no país ou região em causa", diz o documento.

Atualmente, a legislação de rotulagem da UE permite a informação sobre a presença de sódio em um rol de informações sobre ingredientes, enquanto que na frente da embalagem, a rotulagem tende a se concentrar no conteúdo de sal como uma proporção da ingestão diária.
O Comitê do Codex sobre Rotulagem de Alimentos deve ser aplaudido por encontrar soluções práticas e palpáveis em muitas questões internacionais, trazendo clareza para o consumidor. No entanto, quando se trata de “sódio” ou “sal”, talvez a padronização não seja o melhor caminho.


Contato, dúvidas ou sugestões: Dra. Nathália P. Sab - Nutricionista
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