Gestão eficiente do recurso hídrico de Minas Gerais está a
cada dia mais necessária diante da estiagem que o Estado sofre. Uma das ações
para diminuir a perda pode ser feita pelos próprios gestores, que é evitar o
desperdício na hora da distribuição. “A Copasa tem uma média de desperdício de
35%, muito grande ainda”, afirma Hubert Brant, diretor da Agência Reguladora de
Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas
Gerais (Arsae-MG). Para Brant, o ideal seria que essa perda não ultrapasse 20%.
“Fizemos um acordo com a Copasa para que esse número seja reduzido nos próximos
dois anos para 25%”, diz.
Esse desperdício se dá na rede de distribuição e trata-se de
água já tratada. Apesar do percentual da Copasa ser alto, Brant informa que
média nacional é de 40%.
A falta de chuvas no Estado criou para as prefeituras
mineiras o desafio de gerir uma crise que era improvável até o ano passado.
“Tenho certeza que no ano que vem o tema do recurso hídrico estará na mesa dos
prefeitos com mais frequência”, avalia Gilberto Morato, consultor na área de
meio ambiente da Associação Mineira de Municípios (AMM).
O professor em engenharia ambiental e gestão ambiental do
centro universitário Una, Isaac Henriques, concorda. “Estamos vivendo um ciclo
muito prolongado de estiagem no Estado. É difícil dizer que o problema de
abastecimento de água tenha sido ocasionado por falha no gerenciamento. Mas,
muitas ações podem ser pensadas a partir de agora”, opina.
Muitos municípios que vivem o racionamento no Estado tem a
gestão da água feita por uma entidade da prefeitura. Porém, a gestão municipal
não é encarada como menos capacitada. “Não vejo relação entre a falta de água e
a gestão municipal. O que conta é a forma como eles captam água. Municípios
pequenos, com pouco recurso, mas que são abastecidos por água subterrânea, por
exemplo, não estão enfrentando problemas”, afirma Hubert Brant.
Para Henriques, o fato de uma prefeitura iniciar o
racionamento pode, inclusive, significar uma tentativa de gestão. “Quem não
está tomando nenhuma atitude é que pode estar errado. Falta transparência na
hora de falar sobre a falta de água”, critica.
Emergência
Subiu. Carmópolis, na região do Jequitinhonha, decretou
situação de emergência em função da estiagem. Agora já são 160 cidades nessa
situação no Estado, por causa da falta de chuva.
Rio dos Monos tem vazão 50% menor e Recreio vai racionar
O município de Recreio, que faz fronteira com o Estado do Rio de Janeiro, na
Zona da Mata, inicia racionamento no abastecimento de água na próxima semana. A
água será cortada à noite, a partir de 18h até 6h. “Adotamos esse horário para
tentar não sacrificar muito a população”, afirma o diretor do Serviço Autônomo
de Água e Esgoto (SAAE) de Recreio, João Alicides Campos Ferreira.
“Nossa captação no Ribeirão dos Monos caiu 50%. Para atender a cidade,
precisamos de uma vazão de 28 litros por segundo e no momento, estamos com
apenas 15 litros”, explica Ferreira. A Prefeitura de Recreio chegou a avaliar
se era necessário decretar Estado de Emergência. “Optamos por esperar se o
racionamento será o suficiente para abastecer a cidade e, se as chuvas
começam”, concluiu.
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