Após a bancada do PMDB ter dado aval à candidatura do
deputado federal Eduardo Cunha (RJ), que pleiteia a presidência da Câmara, o PT
também se prepara para lançar candidato na disputa. Embora a palavra de ordem
seja manter o diálogo com o aliado, os petistas já decidiram que não abrirão
mão de brigar pelo comando da Casa. Só fariam isso se um acordo garantisse ao
partido a presidência do Senado.
A postura no nível nacional diverge da que se desenha no
nível estadual, de acordo com o deputado federal Odair Cunha, presidente do
partido em Minas Gerais. Em Minas, o PT aceita negociar o comando da Assembleia
Legislativa para garantir governabilidade ao governador eleito Fernando
Pimentel.
“Diferentemente do que acontece aqui na Assembleia
Legislativa, lá (em Brasília) o PT reivindica a presidência da Câmara e terá um
nome a apresentar. A eleição é no dia 1º de fevereiro, o PMDB terá seu nome e
nós também teremos”, avisa, afirmando que a escolha do candidato ainda está em
gestação.
De acordo com Odair Cunha, o PMDB é importante tanto no
Legislativo quanto no Executivo, mas o tamanho das bancadas justifica o pleito
petista.
A aposta para desatar o nó e garantir um acordo é a ação do
presidente nacional do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, que
pode entrar em campo para costurar um entendimento de divisão do comando das
duas Casas do Congresso.
“Nossa expectativa é que o vice-presidente participe desse
diálogo. A presidência da Câmara é central para a governabilidade. Como é
também a do Senado. Nós poderíamos editar um entendimento em que o PMDB presida
o Senado e o PT fique com a presidência da Câmara. Este é um acordo de
equilíbrio de forças”, afirmou, avaliando que o contrário também poderia ser
feito.
O PT terá a maior bancada da Câmara, com 70 deputados,
enquanto o PMDB ficará com 66 parlamentares. No Senado, a relação se inverte: o
PMDB tem 18 nomes, e o PT soma 12.
Conversas. Apesar da promessa de bater chapa, os
deputados petistas tentam destacar que o clima belicoso no Congresso se dá por
amarguras eleitorais. Na avaliação de muitos deles, embora o PMDB tenha dado
aval para que seu líder, Eduardo Cunha, dispute a presidência da Câmara na
próxima legislatura, há uma divisão interna na sigla que pode minar a
iniciativa. Alguns são aliados do vice-presidente Michel Temer e pró-governo,
outros são próximos de Cunha e defendem a queda de braço com o Planalto.
“Muitos estão chateados por não terem sido eleitos, então
não baixou a poeira. Mas isso (clima de beligerância) não vai sobreviver”,
comentou um dos vice-líderes da bancada do PT, Carlos Zarattini (SP).
“Vamos discutir nossa candidatura com os outros partidos e
com parte do PMDB”, avisou Zarattini.
Fonte: Jornal O TEMPO