Os bairros de Caxambu
Outro dia, um amigo aqui
de Caxambu, depois de ler o meu livro sobre as ruas da cidade, chamou-me à
atenção sobre um fato interessante: eu descrevi os personagens que deram nome
às ruas de Caxambu, por bairros, mas não falei propriamente dos bairros, de seu
nascimento e seu significado. Então, a partir daí, elaborei o presente artigo.
Espero que esteja a contento.
A ideia de bairro passa
por uma comunidade ou região dentro de uma cidade ou município,
sendo a unidade mínima de urbanização existente
na maioria das cidades do mundo. Os bairros, no princípio, eram uma forma mais
rudimentar de organização populacional, sem qualquer preocupação política. Por
outro lado, recorrendo aos dicionários de Língua Portuguesa para definir o que
seja bairro, encontramos que é a denominação de cada
uma das partes em que se costuma dividir uma cidade, definição justificada na
promoção da operacionalização das pessoas e do controle administrativo dos
serviços públicos, como os correios, telefonia e limpeza urbana.
Contudo, nem sempre os
bairros de Caxambu obedeceram a esse critério, mesmo porque existem bairros que
possuem apenas quatro ruas, como o caso do Jardim Alice; outros possuem dezenas
de ruas entrelaçando-se com as de outro bairro, como no caso do Centro com
Santa Cruz e do Centro com o Santa Rita.
E de que forma surgiram
esses bairros da cidade?
Alguns são de aparecimento
mais antigo, como o Centro, onde foram construídas as primeiras casas, os
primeiros hotéis. Depois temos aqueles que surgiram de loteamentos particulares
e se tornaram bairros, como o caso do Jardim Alice.
Falando um pouco de cada
um deles, dentro do possível, começamos com o Alto de Santa Rita, que, na realidade, é um
prolongamento do Santa Rita, estendendo-se para cima da rodovia BR-267. Aliás,
o único túnel existente na cidade faz a ligação do Santa Rita ao Alto de Santa
Rita. O Belvedere é um bairro que
fica mais afastado do centro da cidade e que nos oferece, assim como muitos
outros, uma visão deslumbrante da Serra da Mantiqueira. O Bosque fica exatamente atrás do Parque das Águas. Era por ali que
os antigos “aquáticos” chegavam a Caxambu, vindos de Soledade, após saltarem do
trem naquele povoado. No Bosque ficava a famosa “represa do Jacaré”, que
abasteceu de água durante anos a cidade de Caxambu. O Campo do Meio cresceu dos dois lados da rodovia BR-354, ainda que
seja diminuta a existência de residências naquele bairro. Ali estava a famosa
represa do Laranjal que também, num determinado período, abasteceu a cidade.
Também uma siderúrgica havia em suas terras, desativada por volta de 1972.
Chegamos, então, ao Caxambu Velho. É um bairro muito antigo e seu crescimento se deu
através de um importante personagem: Antônio Ferreira da Silva, que adquiriu
vários lotes naquela região, dando oportunidade para que a cidade crescesse
para aquele lado, principalmente quando foi aberta a estrada de rodagem ligando
Caxambu a Areias, na antiga rodovia Presidente Dutra. Não foi à toa que a
municipalidade deu à principal rua do Caxambu Velho o nome de Antônio Ferreira
da Silva. No bairro localiza-se a Igreja do Sagrado Coração, onde são
realizadas as festas dos Santos Reis, em janeiro.
O Centro
é por demais conhecido e concentra o maior número de ruas de nossa cidade, Foi
ali que começou o povoamento com João Constantino, Oliveira Mafra e Teixeira
Leal. Quase todo o aparato administrativo e político da cidade está ali
localizado, além de um variado comércio, escolas, o Parque das Águas, o cinema,
a igreja matriz, a Igreja de Santa Isabel da Hungria, a antiga estação
ferroviária (foto) e o Museu de Caxambu.
O
bairro Ferraz Caldas é novo e presta
homenagem a um dos grandes e atuantes prefeitos que Caxambu já teve: o Dr. José
Ferraz Caldas, que também foi deputado estadual. Esse bairro é muito pequeno e
está praticamente espremido entre o São
Januário e o Novo Horizonte.
Os
bairros que levam o nome de Jardim são de surgimento mais recente, exemplos do Jardim Alice, que surgiu da chácara de
Dona Alice Junqueira; o Jardim Alvorada;
o Jardim Flamboyant; o Jardim Imperial, que se confunde com o
bairro Santa Cruz; o Jardim das Nações
e o Jardim Recreio (criado pela Lei
nº 1.764, de 8.9.2006), que faz a nossa divisa com Baependi, logo acima da
estação de energia elétrica e da COPASA, ao longo da rodovia BR-267. Também
temos o Jardim Talismã que ainda é um loteamento existente no bairro Santo
Antônio.
O
Novo Horizonte teve a sua
denominação em função de sua localização geográfica, que, a exemplo de outros,
também descortina uma extensa faixa da Serra da Mantiqueira.
Chegamos ao bairro Observatório. Por que tem esse nome? Na
realidade, existia um observatório dentro do Parque das Águas (foto) e que foi
desativado na década de 1940, sendo o relógio que existia na parte superior
levado para o topo do balneário e a estrutura de observatório meteorológico
transferida para um bairro acima do Centro da cidade, daí a denominação que
deram para o mesmo. Hoje não mais existe o observatório.
Dois
bairros levam nome de Parque: o Parque
Bela Vista, que vem a ser uma continuação do Centro da cidade e o Parque dos Ipês, este também uma
continuação do Centro a partir do Hospital de Caxambu.
O
bairro Santa Cruz fica entre o
Centro da cidade e o Jardim Imperial e tem esse nome em função de um grande
cruzeiro existente nos seus lindes com aquele outro bairro.
O
bairro Santa Rita, também muito
antigo, é um dos mais densamente povoados e dele nasceram outros dois: o Jardim
Alice e o Alto de Santa Rita. No Santa Rita ficava o antigo matadouro da cidade
(foto).
Chegamos
ao bairro Santa Tereza, que também
vem a ser um dos mais povoados da cidade e cresce a partir da rodoviária para
cima, encontrando em seu final o Vista Alegre.
O
bairro Santa Terezinha está comprimido
entre o Caxambu Velho e o Observatório. Se olharmos com atenção, veremos que
ele é mais um prolongamento deste último bairro.
O
Santo Antônio nasceu como Vila dos
Pobres de Santo Antônio, em 1943, através da ação de personalidades importantes
da vida caxambuense e que ali estabeleceram um Asilo que leva o nome do santo,
que por sinal teve sua imagem há pouco tempo recuperada e fica bem na entrada
do bairro. No final do Santo Antônio encontramos o loteamento denominado Jardim
Talismã que, sem duvida, mais dia menos dia vai também virar um bairro da
cidade.
O
São Januário confunde-se com o Novo
Horizonte e desce até à margem direita da BR-354, alcançando como limite o
ribeirão João Pedro, antes do Jardim Exposição.
Já
o Trançador é um bairro também de
denominação antiga, sendo que ali moravam muitas pessoas que trabalhavam com
cestaria, daí o nome do bairro, pois essa cestaria obedecia a um trançado
especial das palhas na fabricação das mesmas. É o caminho para se alcançar o
morro do Caxambu, seguindo-se a pé ou de automóvel.
Do
outro lado da BR-354 está o Vila Verde
que, crescendo em extensão, teve como companheiros o Vila Verde II e III,
devendo, em pouco tempo, surgir também um Vila Verde IV. Eles fazem
praticamente divisa com Baependi, pelo morro chamado de Olhos D’Água.
Finalmente
chegamos ao bairro Vista Alegre que
se confunde também com o Santa Tereza. Nasceu de um loteamento iniciado pela
família da professora Ruth Martins de Almeida.
Sem
dúvida é nos bairros que nasce verdadeiramente o sentido de cidadania, de
solidariedade, de amizade, pois ali estão os nossos amigos, os nossos vizinhos,
que farão a grandeza de nosso município.