terça-feira, 16 de dezembro de 2014

COLUNA

Os bairros de Caxambu

Outro dia, um amigo aqui de Caxambu, depois de ler o meu livro sobre as ruas da cidade, chamou-me à atenção sobre um fato interessante: eu descrevi os personagens que deram nome às ruas de Caxambu, por bairros, mas não falei propriamente dos bairros, de seu nascimento e seu significado. Então, a partir daí, elaborei o presente artigo. Espero que esteja a contento.
A ideia de bairro passa por uma comunidade ou região dentro de uma cidade ou município, sendo a unidade mínima de urbanização existente na maioria das cidades do mundo. Os bairros, no princípio, eram uma forma mais rudimentar de organização populacional, sem qualquer preocupação política. Por outro lado, recorrendo aos dicionários de Língua Portuguesa para definir o que seja bairro, encontramos que é a denominação de cada uma das partes em que se costuma dividir uma cidade, definição justificada na promoção da operacionalização das pessoas e do controle administrativo dos serviços públicos, como os correios, telefonia e limpeza urbana.
Contudo, nem sempre os bairros de Caxambu obedeceram a esse critério, mesmo porque existem bairros que possuem apenas quatro ruas, como o caso do Jardim Alice; outros possuem dezenas de ruas entrelaçando-se com as de outro bairro, como no caso do Centro com Santa Cruz e do Centro com o Santa Rita.
E de que forma surgiram esses bairros da cidade?
Alguns são de aparecimento mais antigo, como o Centro, onde foram construídas as primeiras casas, os primeiros hotéis. Depois temos aqueles que surgiram de loteamentos particulares e se tornaram bairros, como o caso do Jardim Alice.
Falando um pouco de cada um deles, dentro do possível, começamos com o Alto de Santa Rita, que, na realidade, é um prolongamento do Santa Rita, estendendo-se para cima da rodovia BR-267. Aliás, o único túnel existente na cidade faz a ligação do Santa Rita ao Alto de Santa Rita. O Belvedere é um bairro que fica mais afastado do centro da cidade e que nos oferece, assim como muitos outros, uma visão deslumbrante da Serra da Mantiqueira. O Bosque fica exatamente atrás do Parque das Águas. Era por ali que os antigos “aquáticos” chegavam a Caxambu, vindos de Soledade, após saltarem do trem naquele povoado. No Bosque ficava a famosa “represa do Jacaré”, que abasteceu de água durante anos a cidade de Caxambu. O Campo do Meio cresceu dos dois lados da rodovia BR-354, ainda que seja diminuta a existência de residências naquele bairro. Ali estava a famosa represa do Laranjal que também, num determinado período, abasteceu a cidade. Também uma siderúrgica havia em suas terras, desativada por volta de 1972.
Chegamos, então, ao Caxambu Velho. É um bairro muito antigo e seu crescimento se deu através de um importante personagem: Antônio Ferreira da Silva, que adquiriu vários lotes naquela região, dando oportunidade para que a cidade crescesse para aquele lado, principalmente quando foi aberta a estrada de rodagem ligando Caxambu a Areias, na antiga rodovia Presidente Dutra. Não foi à toa que a municipalidade deu à principal rua do Caxambu Velho o nome de Antônio Ferreira da Silva. No bairro localiza-se a Igreja do Sagrado Coração, onde são realizadas as festas dos Santos Reis, em janeiro.
O Centro é por demais conhecido e concentra o maior número de ruas de nossa cidade, Foi ali que começou o povoamento com João Constantino, Oliveira Mafra e Teixeira Leal. Quase todo o aparato administrativo e político da cidade está ali localizado, além de um variado comércio, escolas, o Parque das Águas, o cinema, a igreja matriz, a Igreja de Santa Isabel da Hungria, a antiga estação ferroviária (foto) e o Museu de Caxambu.


O bairro Ferraz Caldas é novo e presta homenagem a um dos grandes e atuantes prefeitos que Caxambu já teve: o Dr. José Ferraz Caldas, que também foi deputado estadual. Esse bairro é muito pequeno e está praticamente espremido entre o São Januário e o Novo Horizonte.
Os bairros que levam o nome de Jardim são de surgimento mais recente, exemplos do Jardim Alice, que surgiu da chácara de Dona Alice Junqueira; o Jardim Alvorada; o Jardim Flamboyant; o Jardim Imperial, que se confunde com o bairro Santa Cruz; o Jardim das Nações e o Jardim Recreio (criado pela Lei nº 1.764, de 8.9.2006), que faz a nossa divisa com Baependi, logo acima da estação de energia elétrica e da COPASA, ao longo da rodovia BR-267. Também temos o Jardim Talismã que ainda é um loteamento existente no bairro Santo Antônio.
O Novo Horizonte teve a sua denominação em função de sua localização geográfica, que, a exemplo de outros, também descortina uma extensa faixa da Serra da Mantiqueira.
Chegamos ao bairro Observatório. Por que tem esse nome? Na realidade, existia um observatório dentro do Parque das Águas (foto) e que foi desativado na década de 1940, sendo o relógio que existia na parte superior levado para o topo do balneário e a estrutura de observatório meteorológico transferida para um bairro acima do Centro da cidade, daí a denominação que deram para o mesmo. Hoje não mais existe o observatório.
Dois bairros levam nome de Parque: o Parque Bela Vista, que vem a ser uma continuação do Centro da cidade e o Parque dos Ipês, este também uma continuação do Centro a partir do Hospital de Caxambu.
O bairro Santa Cruz fica entre o Centro da cidade e o Jardim Imperial e tem esse nome em função de um grande cruzeiro existente nos seus lindes com aquele outro bairro.
O bairro Santa Rita, também muito antigo, é um dos mais densamente povoados e dele nasceram outros dois: o Jardim Alice e o Alto de Santa Rita. No Santa Rita ficava o antigo matadouro da cidade (foto).


Chegamos ao bairro Santa Tereza, que também vem a ser um dos mais povoados da cidade e cresce a partir da rodoviária para cima, encontrando em seu final o Vista Alegre.
O bairro Santa Terezinha está comprimido entre o Caxambu Velho e o Observatório. Se olharmos com atenção, veremos que ele é mais um prolongamento deste último bairro.
O Santo Antônio nasceu como Vila dos Pobres de Santo Antônio, em 1943, através da ação de personalidades importantes da vida caxambuense e que ali estabeleceram um Asilo que leva o nome do santo, que por sinal teve sua imagem há pouco tempo recuperada e fica bem na entrada do bairro. No final do Santo Antônio encontramos o loteamento denominado Jardim Talismã que, sem duvida, mais dia menos dia vai também virar um bairro da cidade.
O São Januário confunde-se com o Novo Horizonte e desce até à margem direita da BR-354, alcançando como limite o ribeirão João Pedro, antes do Jardim Exposição.
Já o Trançador é um bairro também de denominação antiga, sendo que ali moravam muitas pessoas que trabalhavam com cestaria, daí o nome do bairro, pois essa cestaria obedecia a um trançado especial das palhas na fabricação das mesmas. É o caminho para se alcançar o morro do Caxambu, seguindo-se a pé ou de automóvel.
Do outro lado da BR-354 está o Vila Verde que, crescendo em extensão, teve como companheiros o Vila Verde II e III, devendo, em pouco tempo, surgir também um Vila Verde IV. Eles fazem praticamente divisa com Baependi, pelo morro chamado de Olhos D’Água.
Finalmente chegamos ao bairro Vista Alegre que se confunde também com o Santa Tereza. Nasceu de um loteamento iniciado pela família da professora Ruth Martins de Almeida.
Sem dúvida é nos bairros que nasce verdadeiramente o sentido de cidadania, de solidariedade, de amizade, pois ali estão os nossos amigos, os nossos vizinhos, que farão a grandeza de nosso município.