A maior produtora de guindastes do mundo, a chinesa Weihua
Group, vai instalar sua primeira fábrica no Brasil no Vetor Norte da região
metropolitana de Belo Horizonte. “No segundo semestre de 2015 eles já irão
abrir um escritório na capital mineira, e as obras devem começar em 2016”,
afirma o diretor da Câmara Chinesa de Comércio do Brasil (CCB), Fernando Soares
Elias Mourad.
A China pode investir até US$ 15 bilhões em Minas Gerais no
ano de 2015, segundo estudos desenvolvidos pela CCB. “Depois da vinda do primeiro-ministro,
em maio, várias empresas chinesas, principalmente de infraestrutura, entraram
em contato conosco”, diz Mourad.
O diretor ainda cita que empresas de engenharia chinesas têm
demonstrado interesse em projetos de energia solar para o Estado. Segundo
Mourad, também são avaliados investimentos na área de construção civil e de
maquinários pesados.
Os investimentos neste ano, porém, serão menores do que em
2014, quando a China investiu US$ 23 bilhões só no Estado de Minas Gerais. Uma
queda, portanto, de 34,7% no valor total recebido pelo Estado. “Já sabíamos que
neste ano os investimentos seriam menores. Estamos trabalhando para chegar aos
US$ 15 bilhões, mas não é uma meta que será fácil de ser atingida”, avalia.
O diretor acredita que a crise econômica que o país enfrenta
é o principal dificultador para aumentar o investimento. “Na atual situação
econômica, o Brasil é visto como um mercado de risco. Alguns investidores estão
com o pé atrás. A grande exceção são as empresas ligadas a infraestrutura,
porque elas entendem que a demanda é muito alta. Elas sabem que cedo ou tarde,
de um jeito ou de outro, o Brasil precisará de estradas e portos, vias de
escoamento de sua produção”, explica o diretor.
Para o secretário adjunto da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico (Sede), Rogério Bellini, atrair investimentos
chineses é tão importante para o Estado quanto exportar para aquele país.
Porém, ele afirma que o diferencial na hora de trazer as empresas não será
benefício fiscal.
“Oferecer um benefício fiscal que se diferencie está difícil
para qualquer Estado, seja Minas, Rio de Janeiro ou São Paulo. Por isso estamos
investindo para fazer diferença em logística, mão de obra e infraestrutura”,
afirma o secretário adjunto.
O diretor da CCB acredita que os investimentos voltarão a
crescer em 2016. “O cenário para o ano que vem é muito melhor. Passando essa
fase de ajustes e feita a estabilização da economia, o mercado brasileiro fica
muito mais atrativo para os chineses”, conclui Mourad.
Entre os projetos que estão gerando interesse de
investidores chineses, Mourad destaca a ferrovia bioceânica que ligará o Brasil
ao Peru. Entre os 35 acordos feitos entre Brasil e China durante a visita do
primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em maio, ao Brasil, a ferrovia em
parceria com a Vale foi uma das contempladas. Seu objetivo seria levar minério
de ferro para a China sem a necessidade de contornar o continente pelo sul ou
pelo norte.
Investimento
Em boa hora. A visita do primeiro-ministro chinês ao Brasil
rendeu 35 acordos entre os países e a criação de um fundo de financiamento para
infraestrutura de US$ 53 bilhões.
Jornal O TEMPO