sábado, 4 de julho de 2009

COLUNA

Friozinho da noite


(fora do edredon), histórias na telona para o sono não despertar, dando espaço à fantasia que por vezes escondemos ou nem lembramos de viver. (E a gente paga até ingresso para lembrar de esquecer!)
Cinema de mãos dadas, rostinho colado, rosto no ombro para esquentar a história, para aquecer a lembrança (dessa a gente se lembra!), estender minutos contados pelo projecionista e com hora certa para acabar.
Tem a moça da bilheteria, a moça da entrada, a moça da “bombonière”...
_E por que será... tantas moças? Ah... deve ser porque só o feminino é capaz de sentir... a textura da película quando a gente fecha os olhos e... tenta tocar a tela, saber com dedos de criança se o paletó do galã é de linho ou de seda da Pérsia ou de algum tecido barato, de delicadeza e simplicidade certas e exatas.

E na cena seguinte, a gente põe o dedo com vontade e se lambuza com o “chantilly” da mocinha, desarruma os fios sedosamente impecáveis da vilã, convida a solteirona pacata e o moço desajeitado para uma dança no meio da praça sem hora para acabar. (E não é que eles aceitam?!)
Vem o “bad boy” da história, que nos vê de olhos fechados e rouba um beijo! Ah... satisfazendo parte de nossos desejos. Mas o leva embora... e deixa o sonho.
É quando as luzes se acendem. E elas que antes nos convidaram em um “Boa noite, sejam bem-vindos!”, despedem-se agora para uma nova sessão.
Do outro lado da tela outro filme tem início.


Roberta Nogueira