sábado, 18 de julho de 2009

COLUNA

Mortes
_ E você se assustou...
_ E muito, mas não era verdade.
E sai com a leveza de um alívio que também eu chego a sentir. A bolsa no ombro, passos do corredor para a sala de aula, um aceno, "Tchau, Roberta." Passo por ele e subo os degraus para o próximo andar.
Saber que uma pessoa não morreu é resgatar sua lembrança do vale sombrio onde antes a havíamos deixado; é trazer para perto o sorriso, tocar seu rosto, um abraço e dizer: "Eu te amo" ou simplesmente: " Você está aqui!"
Se algo não morre podemos lhe dar Boa Noite (puxar para o quentinho o edredon), café-da-manhã bem cedinho (com o cuidado para o chocolate não esfriar), beijo-na-boca-no-fim-de-tarde e até lhe contar segredos de porta aberta (sem toalha!) e com um espelho enorme para nos olhar.
O não-morrer traz saudade repensada_ Borboleta presenteada com mais tempo de voo. Ela bate as asas e nos ressuscita, traz o Céu de volta, o Azul. E com suas cores seca os pingos... aqueles últimos que ainda se insistem.
E ela bate as asas em um convite. Olhos fechados...
Roberta Nogueira
Jornalista