quarta-feira, 17 de março de 2010

LEVANTAMENTO MOSTRA DEMANDAS PARA O PRÓXIMO GOVERNADOR DE MG

Quem subir a rampa da Cidade Administrativa para tomar posse como governador de Minas em 1º de janeiro de 2011 terá uma lista de demandas consideradas prioritárias por prefeitos e líderes políticos e empresariais de várias partes do estado. O Estado de Minas foi do Sul rico ao Jequitinhonha pobre, do Leste da siderurgia ao Oeste agropecuário, passando pela capital, para trazer alguns dos principais desafios do próximo governador do estado, que será escolhido em outubro. Guarde esta reportagem e procure respostas nos programas de governo dos candidatos a partir de 1º de julho, quando começa oficialmente a campanha eleitoral. Muitas soluções de transporte, saúde, educação, economia e infraestrutura já estão traçadas, mas dependem de apoio político e dinheiro para sair do papel.

Responsável por 34,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas, a Região Metropolitana de Belo Horizonte demanda uma série de investimentos pesados em pelo menos quatro áreas: mobilidade urbana, saúde, emprego e regulação fundiária. Cerca de 900 mil pessoas se deslocam diariamente em direção à capital, no início da manhã, para trabalhar, e no fim da tarde fazem o caminho inverso, de volta para casa, perdendo até quatro horas do dia nesses deslocamentos. O projeto de expansão do metrô previa a ligação de Belo Horizonte, Contagem e Betim, além de outras regiões da cidade perto de municípios vizinhos. No entanto, o governo federal não libera recursos para o projeto desde 2003.

Há uma solução alternativa barata e viável, mais próxima do que muitos governantes imaginam: trata-se do aproveitamento da malha ferroviária desativada ou usada apenas para o transporte de carga, que atualmente contempla 20 das 34 cidades da região metropolitana. São aproximadamente 330 quilômetros de linhas que poderiam ter o uso compartilhado entre o transporte de cargas e também de passageiros. Mais flexíveis e baratos que as composições usadas nos metrôs, os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) seriam usados sobre esse sistema férreo existente.

A demanda de cidades maiores exigiria a implantação de linhas paralelas. Caso da ligação entre o Bairro Eldorado, em Contagem, e o Centro de Betim, trecho de 27 quilômetros cuja instalação do VLT custaria R$ 800 milhões. Em cidades menores, a mesma linha usada para transportar cargas poderia ser usada no início da manhã e no fim da tarde, horários de deslocamento para a capital, para transportar passageiros. Com isso, o custo seria bem menor. “O incentivo ao uso da malha existente para atender a Grande BH está sendo estudado no plano diretor da região metropolitana, que fica pronto em dezembro”, afirma a subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano do Governo de Minas, Maria Madalena Garcia.

Ela cita vários trechos de malha ferroviária que poderiam ser usados para passageiros: há trilhos desativados também atrás do Bairro Belvedere, solução de transporte para o Vetor Sul; linhas que cortam Vespasiano, Santa Luzia, Caeté, Brumadinho, Sarzedo, entre outras cidades, e chegam a Belo Horizonte; e ainda o trecho que liga a Região Leste da capital a Sabará e municípios às margens do Rio das Velhas. “O deslocamento ocorre não apenas para a capital, mas também entre as cidades da região metropolitana”, lembra o presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Granbel), Rogério Avelar, que também defende o uso dos trilhos. “Com a dificuldade de expansão do metrô ao longo dos últimos 20 anos, BH ficou para trás”, diz.

Emprego

Para criar novas centralidades na Grande BH e diminuir a dependência das cidades do entorno da capital, Madalena e Avelar defendem a criação de mais postos de trabalho de qualidade nesses municípios. A conta: 350 mil empregos. Além de desafogar a capital, os empregos ajudariam na atração de investimentos em infraestrutura de lazer, saúde e educação.

A regularização fundiária da região metropolitana também é medida urgente. Nada menos que 42% dos 302 mil domicílios de 14 municípios estão em áreas irregulares. Em Ribeirão das Neves, 44 mil casas foram construídas em área invadida. Nas áreas irregulares falta o mínimo, como água e esgoto. O custo da remoção de famílias e urbanização de áreas de risco de oito cidades (Ibirité, Raposos, Neves, Caeté, Rio Acima, Santa Luzia, Vespasiano e Neves) é estimado em R$ 391,4 milhões.
Fonte: Jornal Estado de Minas