quarta-feira, 14 de abril de 2010

COLUNA


Saiu. Buscou mais perto o que o perto podia ouvir_ longos passos distantes de tudo e assim... tão seus.
A rua vazia... Não tanto quanto o quarto vazio que deixava. Paletó nas mãos, agora em apenas uma das mãos_ a esquerda_ ;e na direita a chave, que uma vez trancada a porta nos dedos permanecia, para então no bolso detrás_ direito_ ser guardada.
Desceu um degrau.
Se havia um degrau? Sim, havia! E mais outro e outro, que um após outro se somavam e assim pareciam se multiplicar, como a dança que é contra a pressa e dos tropeços a favor (dos tombos também!) , se passo, passos e contra-dança a seu favor não forem.
Desceram. Eles, os degraus, a desceram. Ela que buscava (sem saber que buscava) preencher seu "vazio de estimação."
E lá se vai... lá vai ela em seu caminho-descaminho. Ou simplesmente em seu caminhar.
E o perto (longos passos depois) mais perto se achegou. Um grande lago rodeado de folhas secas! Águas claras a esperavam, mais claras que as suas naquele instante, soube; e, por saber, despiu-se.
Nua. Águas a lhe tocar. Nuas. Mãos a abrir o Círculo de Emoção Que se Espalha, cantando o claroazul de quem agradece o convite_ atendido.
Nua... Nua no abraço que lhe faltava.
Nada mais faltava.


Roberta Nogueira