Devo, não nego, pago quando puder. Tal ideologia arcaica custou caro ao Guarani de Campinas. Um dia depois da chegada do técnico Vagner Mancini, a montagem do elenco para a disputa do Brasileirão ficou em segundo plano. A diretoria tem mais um sério problema extra-campo para administrar. Principal patrimônio do clube, o Estádio Brinco de Ouro da Princesa está penhorado pela Justiça desde quinta-feira (15) e corre o risco de ir à leilão, assim como todo o seu complexo. O motivo do embargo é uma dívida trabalhista de R$ 20 mil com Simone Pansonato Copia, professora de voleibol que trabalhou durante nove anos no Bugre, entre janeiro de 1998 e março de 2007. A decisão, tomada pelo juiz titular da 1ª Vara do Trabalho (VT) de Campinas, Carlos Eduardo Dias, e divulgada à imprensa no fim da tarde desta sexta-feira (16), é um duro golpe para as pretensões bugrinas de se reestruturar financeiramente
A assessoria de imprensa do Guarani informou que o departamento jurídico do alviverde está ciente da determinação judicial, mas que não vai se pronunciar sobre o caso. A reportagem da EPTV ainda tentou entrar em contato com o presidente Leonel Martins de Oliveira, mas o celular do dirigente estava desligado. A possível venda do estádio para um grupo de investidores motivou a ação de arresto da ex-funcionária, que procurou uma garantia para receber o pagamento caso o imóvel fosse comercializado. Cabe recurso. A penhora não significa interdição, possibilitando, assim, que a realização de jogos e de outros eventos no estádio seja mantida. Por outro lado, impede a conclusão da negociação.
Segundo o despacho, existem, ainda, mais 22 processos contra o Bugre somente na 1ª VT da cidade, totalizando mais de R$ 5 milhões a pagar, o que, se projetado para todo o Fórum Trabalhista, tende a ultrapassar os R$ 50 milhões. Fazem parte desse montante as contribuições para a Previdência Social incidentes sobre as condenações "e uma infinidade de execuções fiscais". Esses dados pesaram na hora do parecer final do juiz Carlos Eduardo. Ele também determinou que a decisão seja considerada “piloto” para o processamento coletivo das execuções contra o clube campineiro e se estenda para as demais ações, abrindo um precedente valioso para os outros credores e perigoso para o Bugre.
Em sua fundamentação Carlos Eduardo lamentou a precária situação econômica do Guarani: "É por demais conhecida (...) o estado de quase insolvência do requerido, com o não-pagamento de obrigações substanciais, inclusive de salários aos seus empregados. De outra parte, são inúmeras as ações trabalhistas em que o requerido aparece como executado, sem qualquer perspectiva concreta de solução".
De acordo com Simone Pansonato Copia, há outra causa contra o Guarani. Essa estaria em trâmite final na Justiça e também envolve situações trabalhistas. O descaso da administração ao tratar do tema constrangeu a profissional de educação física. “Eu cheguei a procurar a administração várias vezes para entrar em um acordo, mas eles me mandaram entrar na fila, assim como fazem com todo mundo. Foi isso o que eu fiz e estou contente por ver que a justiça está sendo feita”, afirmou Simone, por telefone. Ela foi técnica e coordenadora do departamento de voleibol durante 9 anos.
A trajetória do Brinco de Ouro acompanhou a ascensão e a queda do Guarani. Das glórias do passado, quando foi palco de grandes clássicos e de duas finais de Campeonato Brasileiro, sobraram as decepções do presente e a incerteza em relação ao futuro. A venda do local é vista por muitos como a salvação do clube. A negociação tem o aval dos sócios desde 2008, mas, apesar dos indícios, ainda não foi concluída.
Os detalhes da transação são mantidos em segredo, mas o negócio promete ser benéfico para o Bugre. Com bens e receitas penhorados, o Guarani teria suas dívidas trabalhistas, que giram em torno de R$ 90 milhões, pagas pelo grupo de investidores, além de ter um investimento de R$ 30 milhões no departamento de futebol – que seria recebido em 30 parcelas mensais de R$ 1 milhão. Se confirmados, os valores salvarão o clube da falência.
Os compradores também estão comprometidos em dar uma nova casa ao Bugre. A promessa é de construir uma arena multiuso, nos padrões da Fifa, no Polo Anhanguera, para receber shows e outros eventos, além dos compromissos do time de futebol do Guarani.
As instalações de um novo Centro de Treinamento, com 10 campos e alojamento para 300 atletas, e de uma nova sede social, no espaço do atual CT bugrino, também estão nos planos. História viva do clube e do futebol brasileiro, o Brinco de Ouro, por sua vez, seria demolido. Em seu lugar, os compradores pretendem construir um shopping center.
Tudo isso acontece duas semanas depois de o alviverde completar 99 anos de fundação, um presente de grego atrasado para a torcida. Mais um triste capítulo na história do Guarani. A esperança por dias melhores é um sonho cada vez mais distante. A realidade é bem diferente.
Fonte: EPTV
A assessoria de imprensa do Guarani informou que o departamento jurídico do alviverde está ciente da determinação judicial, mas que não vai se pronunciar sobre o caso. A reportagem da EPTV ainda tentou entrar em contato com o presidente Leonel Martins de Oliveira, mas o celular do dirigente estava desligado. A possível venda do estádio para um grupo de investidores motivou a ação de arresto da ex-funcionária, que procurou uma garantia para receber o pagamento caso o imóvel fosse comercializado. Cabe recurso. A penhora não significa interdição, possibilitando, assim, que a realização de jogos e de outros eventos no estádio seja mantida. Por outro lado, impede a conclusão da negociação.
Segundo o despacho, existem, ainda, mais 22 processos contra o Bugre somente na 1ª VT da cidade, totalizando mais de R$ 5 milhões a pagar, o que, se projetado para todo o Fórum Trabalhista, tende a ultrapassar os R$ 50 milhões. Fazem parte desse montante as contribuições para a Previdência Social incidentes sobre as condenações "e uma infinidade de execuções fiscais". Esses dados pesaram na hora do parecer final do juiz Carlos Eduardo. Ele também determinou que a decisão seja considerada “piloto” para o processamento coletivo das execuções contra o clube campineiro e se estenda para as demais ações, abrindo um precedente valioso para os outros credores e perigoso para o Bugre.
Em sua fundamentação Carlos Eduardo lamentou a precária situação econômica do Guarani: "É por demais conhecida (...) o estado de quase insolvência do requerido, com o não-pagamento de obrigações substanciais, inclusive de salários aos seus empregados. De outra parte, são inúmeras as ações trabalhistas em que o requerido aparece como executado, sem qualquer perspectiva concreta de solução".
De acordo com Simone Pansonato Copia, há outra causa contra o Guarani. Essa estaria em trâmite final na Justiça e também envolve situações trabalhistas. O descaso da administração ao tratar do tema constrangeu a profissional de educação física. “Eu cheguei a procurar a administração várias vezes para entrar em um acordo, mas eles me mandaram entrar na fila, assim como fazem com todo mundo. Foi isso o que eu fiz e estou contente por ver que a justiça está sendo feita”, afirmou Simone, por telefone. Ela foi técnica e coordenadora do departamento de voleibol durante 9 anos.
A trajetória do Brinco de Ouro acompanhou a ascensão e a queda do Guarani. Das glórias do passado, quando foi palco de grandes clássicos e de duas finais de Campeonato Brasileiro, sobraram as decepções do presente e a incerteza em relação ao futuro. A venda do local é vista por muitos como a salvação do clube. A negociação tem o aval dos sócios desde 2008, mas, apesar dos indícios, ainda não foi concluída.
Os detalhes da transação são mantidos em segredo, mas o negócio promete ser benéfico para o Bugre. Com bens e receitas penhorados, o Guarani teria suas dívidas trabalhistas, que giram em torno de R$ 90 milhões, pagas pelo grupo de investidores, além de ter um investimento de R$ 30 milhões no departamento de futebol – que seria recebido em 30 parcelas mensais de R$ 1 milhão. Se confirmados, os valores salvarão o clube da falência.
Os compradores também estão comprometidos em dar uma nova casa ao Bugre. A promessa é de construir uma arena multiuso, nos padrões da Fifa, no Polo Anhanguera, para receber shows e outros eventos, além dos compromissos do time de futebol do Guarani.
As instalações de um novo Centro de Treinamento, com 10 campos e alojamento para 300 atletas, e de uma nova sede social, no espaço do atual CT bugrino, também estão nos planos. História viva do clube e do futebol brasileiro, o Brinco de Ouro, por sua vez, seria demolido. Em seu lugar, os compradores pretendem construir um shopping center.
Tudo isso acontece duas semanas depois de o alviverde completar 99 anos de fundação, um presente de grego atrasado para a torcida. Mais um triste capítulo na história do Guarani. A esperança por dias melhores é um sonho cada vez mais distante. A realidade é bem diferente.
Fonte: EPTV