Depois de tomar posse na Câmara para um mandato de 26 dias, com salário integral e todas as verbas de gabinete previstas pela Constituição, o deputado federal Edinho Montemor (PSB-SP) afirmou que "não estava preocupado" com o que a opinião pública poderia pensar de sua passagem relâmpago pelo Congresso. "Não estou preocupado com isso. Não estou preocupado em ser vidraça", afirmou Montemor, pouco depois de fazer o juramento de posse, em cerimônia no gabinete da Presidência da Câmara. Montemor é apenas um dos 29 suplentes de deputado que assumiram mandato tampão na Câmara.
Esse grupo, que jurou "promover o bem geral do povo" ao tomar posse, vai receber salário de R$ 16,5 mil e terá mais de R$ 100 mil para contração de assessores e custeio de atividade parlamentar. Para "trabalhar", no entanto, cada um dos deputados com mandato tampão terá de usar a criatividade, já que a Câmara está em recesso e não irá realizar sessões para votar projetos ou discutir matérias de interesse da população.
Montemor disse que irá permanecer em Brasília durante as terças e quartas-feiras, mesmo sem atividades no Congresso. "Na esperança de que alguma sessão extraordinária seja convocada. Já fui deputado e não é a primeira vez que estou na Câmara. Vou usar minha verba de gabinete para contratar assessores e, se viajar, vou usar a cota de passagens também", afirmou o deputado.
A posse de suplentes, mesmo ocorrendo em um mês sem trabalho legislativo na Câmara, é prevista na Constituição. Os suplentes se defendem afirmando que, ao assumir o cargo, apenas cumprem o que a lei prevê.
Os suplentes que assumiram vêm de 16 estados: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Tocantins, Roraima, Piauí, Mato Grosso e Paraíba. Além dos 28 deputados, um suplente conseguiu se eleger e tomará posse a partir de fevereiro.