Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pode colocar fim definitivo ao já enfraquecido movimento separatista do Triângulo Mineiro - que defende a criação de um Estado independente, que corresponderia à região mineira. Em uma decisão que passou despercebida, no último dia 24, os ministros do STF entenderam, por unanimidade, que um plebiscito para a separação de uma unidade da Federação deve envolver não somente a população do território a ser desmembrado, mas a de todo o Estado.
Dessa forma, todos os mineiros deveriam escolher entre a separação do Triângulo Mineiro ou não, o que, na opinião do deputado estadual Romel Anízio (PP), representante da região na Assembleia Legislativa de Minas, frustra completamente as expectativas dos defensores do desmembramento. "O sentimento de exclusão do resto de Minas, que motivou a criação do movimento, hoje em dia já não faz mais sentido", diz. A mesma opinião é compartilhada pelo deputado federal (PT-MG) Gilmar Machado. "É preciso entender que somos mineiros antes de tudo", afirma o representante do Triângulo Mineiro no Congresso.
A deputada estadual Liza Prado (PSB) não vê mais a mobilização popular sobre a questão, como já existiu no passado. "Acredito que agora a iniciativa está praticamente inviabilizada", afirma. "Mas acredito que seja interessante ao menos ouvir a população sobre essa possibilidade, mesmo que ela não seja efetivada", completa a parlamentar.
Histórico. O movimento separatista do Triângulo é antigo e surgiu em 1988, na época da Assembleia Constituinte, e chegou ao Congresso com um projeto de decreto legislativo que pedia a convocação de um plebiscito sobre o assunto em 2006. Caso fosse aprovado, um projeto de lei complementar iria propor a criação do Estado do Triângulo. O texto foi arquivado em janeiro deste ano na Câmara Federal.
O autor
Elismar Prado. O autor do projeto que pedia a convocação do plebiscito, deputado Elismar Prado (PT), não foi encontrado ontem para falar sobre o assunto. Sua assessoria afirmou que ele cumpria agenda pública em Unaí.
Fonte: O Tempo