terça-feira, 22 de novembro de 2011

COLUNA



Ruas de Caxambu



Benjamin Constant



A rua Benjamin Constant, localizada no centro da cidade, homenageia um dos fundadores da República e autor da divisa “Ordem e Progresso” da bandeira nacional, dístico que veio dos ideais positivistas de Augusto Comte que considerava a educação como prática essencial para a anulação de tensões sociais.

Benjamin Constant Botelho de Magalhães, filho de Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães e Bernardina Joaquina da Silva Guimarães, nasceu em Niterói em 18 de outubro de 1833 e entrou para o Exército em 1852. Estudou Engenharia na Escola Central e Astronomia no Observatório do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que ensinava Matemática no Imperial Colégio Pedro II.

Participou da Guerra do Paraguai e foi um dos idealizadores do golpe que derrubou a monarquia, sendo, por isso mesmo, considerado um dos fundadores da República.



Benjamin Constant também foi o terceiro diretor do antigo Imperial Instituto dos Meninos Cegos, instituição criada em 1854 por D. Pedro II para cuidar da educação de crianças com deficiência visual. Em virtude de ter permanecido por longos anos à frente dessa instituição, em 1890 o governo provisório da República renomeou-a como Instituto Benjamin Constant, que, apesar de inativo em alguns períodos, permanece em atividade até hoje.

Em 1887 fundou o Clube Militar, importante centro de propaganda republicana do qual foi presidente. Em 9 de novembro de 1889 presidiu a sessão desse clube na qual os membros decidiram pela queda da monarquia.

Após a proclamação da República assumiu a pasta da Guerra no governo provisório e, em 1890, foi aclamado general-de-brigada em comício público.

Nesse mesmo ano passou a chefiar o Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos. Foi exatamente durante a sua permanência nesse ministério que Benjamin Constant determinou o lema da nossa bandeira. Também foi o responsável por uma ampla reforma no ensino, publicando obras como “Memórias sobre a Teoria das Quantidades Negativas” e “Relatório sobre a Organização do Ensino dos Cegos”.

Em 1972 o governo brasileiro transformou a antiga residência de Benjamin Constant, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em Museu Casa de Benjamin Constant, como uma homenagem a esse importante líder político.

Benjamin Constant adoeceu e morreu praticamente pobre, pouco depois de completar 58 anos, num sanatório em Jurujuba, Niterói, em 22 de janeiro de 1891. Seu féretro foi colocado sobre a mesa onde foram lavrados os primeiros atos do governo provisório. Serviu-lhe de manto uma das bandeiras que suas filhas haviam bordado para as escolas militares, as primeiras bandeiras da República, onde já constava o dístico “Ordem e Progresso”. Na foto, vemos o famoso quadro a óleo de Pedro Paulo Bruno, retratando alegoricamente as filhas de Benjamin Constant bordando a bandeira nacional.



As Disposições Transitórias da Constituição de 1891 consagraram-no como fundador da República brasileira: “Art. 8º - O governo federal adquirirá para a Nação a casa em que faleceu o Doutor Benjamin Constant Botelho de Magalhães e nela mandará colocar uma lápide em homenagem à memória do grande patriota - o fundador da República. Parágrafo único - A viúva do Dr. Benjamin Constant terá, enquanto viver, o usufruto da casa mencionada.”

Benjamin Constant foi o grande teórico da implantação da República no Brasil: o seu papel foi o de doutrinador, de mestre, um verdadeiro ídolo da então juventude militar.

A sua visão sobre a implantação da República era diferente da visão dos militares ortodoxos que queriam, basicamente, a salvação do Exército: Benjamin Constant queria a salvação da Pátria!



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* Historiador e sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais