MESSI OU PELÉ?
Dando uma pausa sobre as ruas de Caxambu, aventurei-me em registrar em papel a partida deste último dia 18 de dezembro pelo campeonato mundial interclubes.
Quando, aos 37 minutos do segundo tempo, Messi fez o quarto gol do Barcelona, na partida contra o Santos, veio-me, imediatamente à lembrança o gol que Pelé fizera no Juventus no dia 2 de agosto de 1959, no campo da rua Javari, pelo campeonato paulista daquele ano, também por volta dos 38 minutos do segundo tempo. Fiquei imaginando qual o mais bonito, qual o mais genial. Deixando de lado qualquer ufanismo, posso garantir que o gol feito contra o Juventus é imortal. Acredito, também, que o de Messi ficará nas páginas da história do futebol e, a geração atual, mesclada com alguns que ainda insistem em deixar para trás os seus tantos anos de idade, estará alardeando aos quatro ventos que o argentino é o melhor do mundo e que seu gol entra para a galeria dos mais famosos.
Num domingo chuvoso – vejam bem as dificuldades – campo enlameado, a bola parecendo um pedaço de pau (não igual a essas de hoje, impermeáveis), num cruzamento do meia Jair para a entrada da área, aos 38 minutos do segundo tempo, Pelé dá um chapéu (antigamente se dizia lençol) em um, em dois, em três, em quatro e, quando o goleiro Mão-de-Onça se preparava para dar o bote, leva o dele também! A cena é fantástica, digna de páginas e páginas em prosa e verso. Eu, evidentemente, não estava lá, mas conheci quem estava, que me contou e, depois, vi a simulação realizada para o filme “Pelé Eterno”. Naquele mesmo filme, o Mão-de-Onça dá o seu depoimento e, conforme ele mesmo se intitulava, era um verdadeiro “gato” debaixo das traves, mas quando pulou, pensando em tirar a bola do craque, só encontrou lama em sua mão!
Vejamos o gol do Messi: um passe rápido muito bem dado para dentro da área por Daniel Alves, coloca em confronto Felipe e Messi, e, da mesma forma que o Mão-de-Onça, Felipe, ao dar o bote, só encontrou grama em suas mãos. O toque dado pelo argentino foi sutil e rápido, a ponto de deixar o goleiro (que se houve muito bem, diga-se de passagem) estirado com a cara no chão. Parece que os deuses do futebol continuam de plantão, premiando jogadas geniais como esta e como aquela acontecida há 52 anos.
Não se iludam, as comparações começarão a acontecer: Messi ou Pelé? Lembremo-nos que há tempos era Maradona ou Pelé? E lá vamos nós na eterna discussão e como bons brasileiros que somos não podemos olvidar a grandiosidade do maior jogador de todos os tempos.
Ligamos a televisão para ver Neymar – pelo menos eu me incluí nesse grupo – mas vimos Messi, um jogador que não tem a grandiosidade do Pelé, mas tem uma genialidade do pensamento rápido e agudo.
Finalizando: alguém, com grande visão crítica, disse que parecia jogo de vídeo game. O Barcelona de hoje é isto: um time de vídeo game.
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* Historiador