Embora a presidente Dilma Rousseff (PT) tenha delegado ao
seu vice e articulador político, Michel Temer (PMDB), a liberação de cargos de
nomes indicados por deputados federais, as bancadas mineiras do PMDB e do PCdoB
alegam não terem sido contempladas. Ao abrir as portas para mais nomeações,
Dilma visa diminuir a desobediência da base aliada na Câmara dos Deputados e a
área de manobra do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), que se posicionou
como opositor ao Palácio do Planalto.
A expectativa é que o governo libere a nomeação de 200
cargos federais nos Estados ainda esta semana. No entanto, as bancadas mineiras
do PMDB e PCdoB alegam não ter visto efeito prático no pedido para agilizar as
nomeações. Um parlamentar do PMDB, que pediu para não ser identificado, disse
que, até agora, “quase nada saiu”. Segundo ele, apenas dois dos sete deputados
mineiros da sigla foram atendidos.
Uma indicação de Leonardo Quintão (PMDB) foi lotada no
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), e uma outra, de Newton Cardoso Jr.
(PMDB), assumiu a presidência da Ceasa em Minas.
De acordo com a fonte do PMDB, o que está atrapalhando a
legenda é o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT). “O Temer tem
apreço pela bancada de Minas, mas Mercadante trava as nomeações. Ele trabalha
contra e mais atrapalha do que ajuda a presidente Dilma Rousseff”, disse.
O parlamentar explicou que o PMDB de Minas aguarda para
acumular cargos na diretoria na Ceasa, na Companhia de Armazéns e Silos do
Estado de Minas Gerais (Casemg) e na Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab).
Já o deputado federal e presidente do PCdoB mineiro, Wadson
Ribeiro, afirmou que sua legenda pediu para atuar em áreas nos ministérios de
Minas e Energia e da Cultura, em março deste ano, mas ainda não foi contemplada.
“Desde 2003, a bancada do PCdoB em Minas nunca teve um cargo no governo
federal. Estamos incomodados com isso, queremos assumir responsabilidades.
Estamos juntos no mesmo projeto desde 2003”.
Já o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) explicou que as
bancadas mineiras foram convidadas a fazer uma lista unificada de indicações, o
que representou o pleito por 40 vagas. O parlamentar refuta a reclamação das
legendas aliadas. “Cerca de 70%, 80% já foram atendidas. Algumas questões
técnicas ainda aguardam para serem resolvidas. Mas os cargos estão garantidos,
já que são para vagas vazias. Muitos, inclusive, pediram apenas a permanência
de nomes que já estão atuando.”
O PT mineiro anseia cargos no Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
nos Correios, no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entre outros órgãos.
Jornal O TEMPO