Nos dias 29 e 30 de julho próximo passado participei, como ouvinte, de um “Seminário Sobre o Patrimônio Histórico e Cultural, Preservação e Conscientização”, que teve lugar no hotel Glória. Interesso-me sobre o assunto porque meu trabalho no Rio está inserido entre disciplinas que dizem razão à preservação, história, geologia, pesquisa de campo, meio ambiente, conscientização do acervo cultural de comunidades que costumam ignorar e não darem valor a riquezas materiais e imateriais que suas cidades possuem.
O seminário em apreço deixou lacunas: houve mudança de dia e horário de palestras, ausência de palestrante, repetição de exposição, coisas que lamentei por ter-me deslocado do Rio de Janeiro para ouvir o discurso dos doutores no assunto.
O fulcro do encontro era regional, tendo sido comentado em plenário que o mesmo seminário seria levado a várias cidades mineiras. Aquele que estivesse interessado na palestra que fora retirada teria como ouvi-la em outra cidade mais próxima. No meu caso não seria possível porque o Rio fica um pouco distante dessa realidade.
Os organizadores desses eventos poderiam emprestar-lhes um cunho mais particular no que tange as estâncias hidrominerais. Tudo o que foi dito naquela ocasião será repetido em outras cidades, sem que se façam referências adaptáveis a cada lugar. O discurso é o mesmo, independente das necessidades peculiares de que cada sociedade apresente em seu quotidiano.
As palestras, em pauta, partiam do aspecto exterior das construções nas cidades para atingirem a conservação, restauração, manutenção e outras facetas arquitetônicas inerentes ao patrimônio cultural e histórico delas; era uma abordagem do geral ao particular. Mas o estudo para a preservação do patrimônio cultural das “estações de águas” não segue o mesmo padrão. Ao contrário do que vimos acima, ele comporta análises que partem das camadas do subsolo até alcançarem a superfície com suas fontes de águas minerais naturais; é um enfoque que vai do particular para chegar ao geral. Suas raízes culturais são subterrâneas e não podem ser ignoradas num estudo sobre o patrimônio cultural e histórico dessas estâncias. Se as ignorarmos estaremos condenando-as à extinção, tal como acontece com as plantas que perdem suas raízes.
Na preservação cultural e histórica de uma cidade hidromineral é preciso que se conheça a inteiração entre a geologia local, o sistema pluvial, a percolação das águas, suas temperaturas e composições químicas, todo o emaranhado da hidrologia terapêutica que esses solos comportam e os cuidados necessários para suas preservações e manutenções. É um contexto complexo que engloba paisagismo, construções habitacionais e comerciais, ruas, indústrias, agricultura, criação de gado, desmatamento, rede de esgoto e tudo que possa alterar o lençol das águas minerais locais. Uma carta geológica da região é imprescindível para o estudo em apreço.
A partir desses conhecimentos, disseminados pela cultura e história do local, é que se poderá desenvolver em seus moradores uma conscientização do seu patrimônio e incentivá-los a preservá-lo. Se o povo desconhece a riqueza que tem não há como preservá-la. A base para tais preservação e conscientização do patrimônio histórico e cultural de uma cidade está na educação. A história, a cultural material e imaterial de uma sociedade devem fazer parte da grade de ensino a partir da primeira série do curso fundamental. Cabe, nesse momento, fazer uma ressalva: que esses ensinamentos estejam baseados em documentos fidedignos e não em interpretações dos fatos expostos em livros e “folders” sem responsabilidades históricas.
Rio, 3/8/2009
O seminário em apreço deixou lacunas: houve mudança de dia e horário de palestras, ausência de palestrante, repetição de exposição, coisas que lamentei por ter-me deslocado do Rio de Janeiro para ouvir o discurso dos doutores no assunto.
O fulcro do encontro era regional, tendo sido comentado em plenário que o mesmo seminário seria levado a várias cidades mineiras. Aquele que estivesse interessado na palestra que fora retirada teria como ouvi-la em outra cidade mais próxima. No meu caso não seria possível porque o Rio fica um pouco distante dessa realidade.
Os organizadores desses eventos poderiam emprestar-lhes um cunho mais particular no que tange as estâncias hidrominerais. Tudo o que foi dito naquela ocasião será repetido em outras cidades, sem que se façam referências adaptáveis a cada lugar. O discurso é o mesmo, independente das necessidades peculiares de que cada sociedade apresente em seu quotidiano.
As palestras, em pauta, partiam do aspecto exterior das construções nas cidades para atingirem a conservação, restauração, manutenção e outras facetas arquitetônicas inerentes ao patrimônio cultural e histórico delas; era uma abordagem do geral ao particular. Mas o estudo para a preservação do patrimônio cultural das “estações de águas” não segue o mesmo padrão. Ao contrário do que vimos acima, ele comporta análises que partem das camadas do subsolo até alcançarem a superfície com suas fontes de águas minerais naturais; é um enfoque que vai do particular para chegar ao geral. Suas raízes culturais são subterrâneas e não podem ser ignoradas num estudo sobre o patrimônio cultural e histórico dessas estâncias. Se as ignorarmos estaremos condenando-as à extinção, tal como acontece com as plantas que perdem suas raízes.
Na preservação cultural e histórica de uma cidade hidromineral é preciso que se conheça a inteiração entre a geologia local, o sistema pluvial, a percolação das águas, suas temperaturas e composições químicas, todo o emaranhado da hidrologia terapêutica que esses solos comportam e os cuidados necessários para suas preservações e manutenções. É um contexto complexo que engloba paisagismo, construções habitacionais e comerciais, ruas, indústrias, agricultura, criação de gado, desmatamento, rede de esgoto e tudo que possa alterar o lençol das águas minerais locais. Uma carta geológica da região é imprescindível para o estudo em apreço.
A partir desses conhecimentos, disseminados pela cultura e história do local, é que se poderá desenvolver em seus moradores uma conscientização do seu patrimônio e incentivá-los a preservá-lo. Se o povo desconhece a riqueza que tem não há como preservá-la. A base para tais preservação e conscientização do patrimônio histórico e cultural de uma cidade está na educação. A história, a cultural material e imaterial de uma sociedade devem fazer parte da grade de ensino a partir da primeira série do curso fundamental. Cabe, nesse momento, fazer uma ressalva: que esses ensinamentos estejam baseados em documentos fidedignos e não em interpretações dos fatos expostos em livros e “folders” sem responsabilidades históricas.
Rio, 3/8/2009