sexta-feira, 26 de março de 2010

COLUNA


Na última semana Caxambu foi "bombardeada" com duas notícias altamente negativas em relação aos projetos que se desenvolve para a retomada definitiva do crescimento. O corte do orçamento por parte do Governo Federal, que inviabilizaria a instalação do Campus da UFLA e a declaração do presidente da Nestlè em pretender transformar a água de São Lourenço como a oficial da Copa 2014, já que a Nestlè será uma das patrocinadoras oficiais.
Isso me levou a duas reflexões:

1) Continuamos dependentes do financiamento público para o desenvolvimento dos projetos de geração de progresso e crescimento por aqui. Dependentes de uma representatividade política quase nula, a qual não é suficiente para fazer com que os olhos dos poderes estaduais e federais se voltem para nossas necessidades, ou mesmo entendam que nosso papel enquanto importância regional seja passível de atenção. Com isso ficamos à mercê de "esmolas" políticas aqui e acolá, basicamente em tempos eleitorais, promovidas por paraquedistas atrás de votos e que mais cedo ou mais tarde, eleitos ou não retomam suas atenções para "vitrines" maiores dos grandes centros estaduais. Prova disso é a indiferença com que nos trata os dois deputados majoritários eleitos por aqui na eleição de 2006, Agostinho Patrus na Assembléia Legislativa e Aelton Freitas na Câmara Federal. Alguns dirão: mas e o investimento no Balneário, no engarrafamento da água, não é a presença do estado? A que preço? O que de concreto já nos trouxe esses investimentos? Seria justificável os vultuosos valores empregados por aqui sem mostrar os resultados positivos, enquanto a economia da cidade agoniza? A quem efetivamente esses recursos beneficiaram direta ou indiretamente até aqui??

2) Nos falta o foco no profissionalismo em relação ao investimento e à construção de planejamentos estratégicos que nos façam crescer efetivamente. Criarmos alternativas de exploração de nosso potencial natural enquanto cidade turística. O projeto Copa 2014, na sua essência é muito positivo. Mas tambem essencialmente há que se levar em conta que a Copa 2014 é antes de mais nada um EVENTO COMERCIAL, e não político. O propósito primeiro é gerar recursos para a FIFA e consequentemente para seus parceiros comerciais, depois sim os benefícios gerados nas cidades e estados onde se realizam os jogos são reconhecidos e absorvidos, mas muito mais pelo empenho de tais sociedades em realizar investimento em infraestruturas e melhorias sociais visando condições de vida melhores para todos. Se abraçassemos o projeto como consequência de nossas necessidades estaríamos prontos para realizá-lo e até mesmo preparados para uma possível derrota numa não escolha pela participação efetiva no evento. Teríamos realizado as mudanças necessárias, encontrado soluções para nossos problemas estruturais, geraríamos progresso e a possibilidade maior de um futuro melhor. Nisso a participação da iniciativa privada é fundamental. Onde está a iniciativa privada para nos apoiar?? São Lourenço esperou durante anos uma contrapartida da Nestlè para recompensar os abusos na utilização de suas águas. E ele virá de forma concreta. E nós? Continuaremos esperando a vontade da COPASA em agir como verdadeiro investidor em nossa cidade? Continuaremos presos às resalvas de uma empresa pública que depende de vontade política para executar projetos, além dos entraves jurídicos que não a permite jogar com as mesmas cartas que uma empresa particular?? Talvez a esperança seja a revitalização do Hotel Glória, que nas mãos de um grupo particular sério e obstinado na recuperação estrutural do hotel nos traga novamente os olhos dos investidores, da inciativa privada em geral para fazer girar por aqui os recursos que necessitamos para desenvolver nosso potencial.

A esperança vem de fora. Porque os poucos que ainda resistem por aqui se mostram cansados, exautos e desmotivados. A inciativa privada nativa se vê contaminada pela baixa auto estima que nos castiga há décadas. Seríamos responsáveis por isso? Sim! Eu, você, eles, nossos políticos, nossas escolhas políticas, nosso jeito de tratar e agir com a política, nossa acomodação e nosso pensamento medíocre, muitas vezes covarde, em sua essência provinciano.

Podemos mudar isso tudo? Sim! Mas depende apenas e tão somente de nossa vontade, de nossa coragem, de nossa tão sonhada união para trabalharmos juntos e dispensarmos de vez nossa dependência do poder público como um todo e nosso descrédito em nossa capacidade de realização.

No fim, depende de cada um de nós. Até quando continuaremos não enxergando isso??