A QUESTÃO ÉTICA, O BOM SENSO
A tempos tenho ouvido
que a advocacia deve tomar um novo rumo, escritórios, advogados devem nortear seu
trabalho abandonando velhos paradigmas e adotando uma nova postura, uma nova
conduta, judicializando as demandas somente em último caso e apenas quando
realmente necessário.
No cenário atual, temos
um Poder Judiciário repleto de processos, em todos os níveis e vias, são ações
e reações em demasia, demandas desnecessárias e despropositais que disputam
espaço e o fôlego de Juízes, Promotores e combatentes servidores, frente a
tantas outras que trazem a necessidade e a urgência em seu cordão umbilical.
É um trabalho hercúleo,
é preciso separar o joio do trigo, o necessário do supérfluo, o vital do
pecaminoso.
Em todo este contexto,
é de se lamentar ainda hoje ouvirmos relatos de colegas que trazem para si, de
forma pessoal e passional, a demanda, a particularidade, os propósitos e os
despropósitos da parte que deveria – tecnicamente – representar.
Se é tão real e tão
grande o direito da parte que representa, o acordo não será um obstáculo
intransponível, ao contrário da demanda contenciosa e muitas vezes, idosa. Me
resta claro que, se a parte perde o bom senso, a razão, certamente já deve ter
pedido o direito antes.
Ainda hoje, ao escrever
este artigo, feita uma pausa para buscar o filho que retornava da aula,
encontrei com um colega que representa a parte “adversa” em quatro grandes
demandas, e ao lhe cumprimentar ainda disse, vamos conversar a respeito daqueles
processos, quem sabe podemos conciliar, acordar. O entendimento e a receptividade
foram grandes, marcamos para hoje mesmo uma reunião e assim, espero eu, quatro processos
a menos terá o Judiciário, sobremaneira, em menos tempo nossos clientes terão
seus anseios atendidos e a Justiça, maior justificação do Direito, passa a ter
maior concretude e real efetividade.
Me recordo das palavras
de meu Professor, Doutor Naylor Sales Gontijo, um dos maiores homens que
conheci, de estatura intelectual, ética e humana impressionante, de quem tive a
alegria do convívio, de ser amigo e afilhado: “advocacia é bom senso”.
Que assim seja, que
assim a façamos. Mais que a advocacia, a humanidade anseia por mais bom senso.
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CARLOS RAFAEL FERREIRA, é Advogado do Escritório LOREDO FERREIRA, Professor
Universitário, Palestrante pela Escola Superior de Advocacia, Especialista em
Direito Público, Pós Graduado em Ciências Penais, Pós Graduado em Direito
Civil, Direito Negocial e Imobiliário, Membro Julgador do Tribunal de Ética e Disciplina
da OAB/MG
carlosrafaelferreira@yahoo.com.br